terça-feira, 22 de dezembro de 2015

5 anos de Mateus! 5 anos sendo mãe!














Como pode esse serzinho ser o mesmo nas duas imagens? Ou não é?

Em boa parte do tempo, ainda vejo Mateus como meu pequenino. Sinto necessidade de cheirá-lo, carregá-lo; meu instinto animal de lamber a cria. Contudo, é justamente quando o seguro em meus braços que consigo me dar conta do quanto cresceu! Nessas situações busco compreender as mudanças (às vezes gigantes, às vezes sutis) entre meu pequeno e meu grande menino, e aos poucos vou acessando um novo ser que ao mesmo tempo conheço e desconheço.

"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata." (Carlos Drummond de Andrade)

Os 5 primeiros anos são uma eternidade de descobertas, aprendizagens e transformações na vida de uma criança como dos adultos ao seu redor. Somos todos 'outros' a partir dessas intensas experiências. Por isso, muitas vezes o vejo como um moleque enorme quando cobro dele atitudes que correspondam ao seu tamanho, me encho de orgulho ao presenciar suas conquistas e aproveito muito a sua companhia para programas e atividades que antes não eram possíveis. Ao mesmo tempo (vai entender...), esses primeiros 5 anos passam num piscar de olhos - tanto para as crianças que não mais se reconhecem como para os adultos que precisam fazer movimento para acompanhá-las.

"A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte." (Rubem Alves)

Quando há ausência de movimento dos adultos ao seu redor, as crianças ficam sem referências de quem foram e de como vêm se constituindo em seus percursos, morrem suas histórias sem poderem renascer de outro jeito, em outro contexto. Suas narrativas não ganham sentido. Por ora, somos uma importante fonte de suas memórias. E que missão maravilhosa e importante recebemos!

Para mim, tem sido emocionante poder contar ao Mateus e às minhas meninas como foram desejados, gestados, paridos, amados. Como brincaram com as pessoas, com os animais, o mundo e como se lançaram aos desafios, pediram ajuda e fizeram conquistas! As marcas que foram deixando em tudo e em todos como as marcas que foram ganhando em seus corpos e escolhas. Contar também sobre nossa família que se constituiu em nosso jeito único de funcionar. A criança nasceu como nasceu junto também a mãe, o pai, o vô, a avó e ogo o próprio bebê vira o irmão mais velho.

Nesse processo vamos nos dando conta de que a maioria de nossas memórias mais significativas são formadas por momentos singelos, perceptíveis apenas aos olhos de quem está disponível. Por outro lado, tanta coisa a gente acaba esquecendo. Fotografar, filmar (sem grandes paranoias a ponto de deixar de estar presente), escrever (tenho este espaço precioso, mas gostaria de registrar ainda mais), dentre outros, são recursos importantes para nos lembrarmos do valor da experiência.

"Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (...) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo." (Caio Fernando Abreu)

Igualmente emocionante vê-los contar a própria história, ao seu modo, mostrando-se apropriados de suas vivências. Mateus, outro dia, folheava seu álbum de fotografias como se fosse um de seus livros memorizados "Eu nasci muito rapidinho, porque eu queria ver logo o mundo. Mamãe disse que eu tinha a pele mais macia do mundo. Eu de Corinthians com o papai, porque eu já nasci corinthiano". Com isso, nosso desejo de fazer parte de suas histórias continua enorme bem como nossa responsabilidade em ajudá-los a ressignificar suas vivências e escolhas, ainda mais porque certamente em suas trajetórias, vez ou outra, eles precisarão ser lembrados por nós de suas essências para não se perderem de si mesmos - ainda que a graça da vida seja exatamente virarmos outros de nós mesmos.

"Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)

A pergunta que Mateus me fez há um tempo atrás ainda ressoa em mim. Quando lhe contei que a partir de sua chegada eu havia me tornado mãe ele me indagou: "E antes, você era o quê?".  Pergunta simples e complexa como todas as que as crianças fazem. Puxa vida, antes eu era tanta coisa! Algumas que ainda preservo, outras que já não reconheço mais, mas definitivamente ser mãe foi um marco em meu percurso.

Para me nascer mãe tive que morrer um tanto, foi difícil, ainda é. No entanto, me reconectar com outras mulheres numa rede de apoio e com minhas ancestrais foi essencial para conseguir não só renascer como fazer viver em mim muitas mulheres diferentes. Hoje, sou muitas e todas convivem em mim numa harmonia e desarmonia constante me dando a certeza da vida que escolhi. E esta nova vida eu devo a ele como sua vida ele deve a mim: este é o nosso laço! Impensável nos imaginarmos um sem o outro. Mãe e filho, filho e mãe. Laço eterno que precisa ser alargado para fazer caber outros tantos em nós, entre nós e ao nosso lado e quando necessário, também rompido. Como outro dia um aluno me disse: "Se ninguém cortasse o nosso cordão umbilical a gente continuaria para sempre lá na barriga da mãe". Lugar que melhor representa aconchego. Mas como outro aluno disse: "mas se a gente não sai a gente não toma sorvete, não joga futebol e fica sozinho". Essas crianças entrando em contato com a complexidade da vida, do que está e do que não está em nosso controle, do que não vale à pena controlar e sim aproveitar e das escolhas que fazemos diante de tudo.

Outro dia, Mateus também me disse quando quis empurrá-lo na boia para pegar um "jacaré" na onda do mar: "Mãe, deixa que eu vou comigo mesmo". E do mesmo modo que eu dou limites a ele de suas ações, para se situar melhor em cada contexto, ele também vai me colocando limites para que eu o deixe seguir seu caminho... Livre, como tem de ser. Liberdade que requer coragem.

Hoje meu menino - às vezes pequeno, às vezes grande - completa 5 anos! "Vou encher a mão" como ele disse, e neste percurso sinto que ele preencheu muito mais, pois preencheu a própria vida!

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, 
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

(Guimarães Rosa)


Mateus, meu filho querido,

Você é um moleque doce e sapeca que tem na vida seu maior presente e isso me alegra demais. É muito gratificante tê-lo ao meu lado e vê-lo crescer com tanta potência, generosidade e alegria. Só tenho a agradecer por ter me escolhido para ser sua mãe. Este foi meu maior presente depois completado com a chegada de suas irmãs. Vocês três são meus tesouros, dos quais não abro mão em minha vida. Amo vocês de um jeito que não cabe no peito nem nos apertos, por isso que os agarro tanto... É um amor que precisa extrapolar, sair pelos meus poros até chegar a vocês.

Te amei nos meus sonhos, na minha barriga, no meu colo, em seus primeiros passos e vou continuar te amando por suas andanças mundo afora.

Neste seu aniversário de 5 anos quero continuar desejando que sua vida continue iluminada pelo bem para que possa continuar me ensinando a todos ao seu redor com suas perguntas, ideias, carinhos e brincadeiras. Aliás, continue brincando muito e muito, é a melhor coisa que pode aprender por ora. E cresce, meu filho, cresce que você me enche de orgulho (suas conquistas também são um pouquinho minhas), mas cresce devagar, sem pressa, as coisas têm o seu tempo certo, meu apressadinho.

5 anos de Mateus! 5 anos sendo sua mãe! Por isso, hoje é seu aniversário, mas eu comemoro junto. Obrigada por tudo, meu filho, por dividir esse momento comigo, por fazer minha vida mais viva. E obrigada, principalmente, por ser esse menino tão especial que vem trilhando um caminho muito lindo, todo seu e das pessoas e acontecimentos que lhe importam e você tão bem sabe valorizar.


Com amor,
Da sua mãe.




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