domingo, 13 de maio de 2012

Lembranças que servem de lição: vó Dé

Infelizmente não tive muito contato com minha vó Dé até seu falecimento quando tinha uns 10 anos. Mas lembro-me bastante das vezes em que ia com a gente para a roça e fazia muita comida gostosa e das histórias que meu pai conta de quando era criança, sendo uma das que mais me marcou a respeito de seu nascimento.

Meus avós moravam numa cidadezinha de Minas Gerais chamada "Dores de Santa Juliana" (daí a origem de meu nome) e tinham uma vida bem simples com seus 9 filhos (sim, 9!!!). Passado um tempo minha vó perdeu - não sei bem se durante a gestação ou quando recém nascidos - os três filhos seguintes. Desolada, fez uma promessa para seus próximos filhos nascerem saudáveis. Eles receberiam os nomes dos 3 reis magos: Belchior, Gaspar e Baltazar como homenagem a Jesus. E assim aconteceu... Mais 3 filhos se juntaram a essa família sendo meu pai um deles, o Gaspar.

Esta história sempre me intrigou principalmente por sua beleza e força, mas também por muito tempo não compreender o desolamento de minha vó. Acho que no fundo sempre pensava: "Mas ela já tinha 9 filhos, por que sofria tanto em não ter mais?". Foi apenas quando me tornei mãe que pude compreendê-la e admirá-la ainda mais. Não importa se temos 1 ou 10 filhos, pois sempre queremos o bem de todos, sempre desejaremos ter mais algum, sempre sentiremos saudades de reviver os momentos preciosos de nossos filhos quando mais novos e sempre, sempre mesmo sofreremos pela perda de algum.

Quando descobri recentemente que estava grávida de gêmeos levei um baita susto, já que não contava com essa possibilidade. Senti um medo danado de um monte de coisas, mas aos poucos fui me tranquilizando e percebendo que eu, Luiz e Mateus tínhamos todas as condições para aumentar nossa família com sucesso. Em seguida, já me sentindo mais animada, fui contar ao meu médico sobre a gestação. Ele, com todo o cuidado do mundo, precisou me expôr todos os riscos de uma gravidez de múltiplos carrega inclusive a perda de um feto no início de gestação. Nesse momento fiquei muito abalada e ao final da consulta fiquei um tempão chorando sozinha. Depois de me acalmar, me dei conta de que eu não pedi conscientemente esse filho a mais, mas ele veio e agora era meu também, o que fazia toda a diferença em minha vida: eu já não era mais apenas mãe do Mateus, mas também mãe de outros dois bebês e assim como a minha vó Dé fez (e tantas outras mães ao longo da história também o fizeram) eu lutaria com todas as minhas forças para vê-los crescer saudáveis e rodeados de muito amor. Ah, e claro, também fiz uma promessa... rs  



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