quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Enrico: seja bem vindo!!!

Agora sim, uma notícia verdadeiramente feliz e que deve ser muito comemorada: a chegada do Enrico, filho da minha amiga Catarina e seu Paulinho. Viva!!!

Enrico é um menino de sorte, pois a Cata é uma das pessoas mais divertidas que conheço. Além de sensível, empenhada (foi até fazer um estágio lá em casa antes da chegada do pequeno!!!rs) e com uma alma genuína de educadora. Trabalhamos juntas apenas por um ano, mas bastou para que eu aprendesse muito com ela e para que nossa amizade se fortalecesse e pudesse ir até o outro lado do planeta, intacta.

Minha querida, aproveita muito essa dádiva que lhe foi concedida que é a de criar um filho. É verdade que nem tudo são flores o tempo todo, mas também é verdade que muitos dos problemas que enfrentamos somos nós mesmo quem criamos. Portanto, com o seu alto astral tudo vai se ajeitar rapidinho: coloca um pregador em cada olho para ficar acordada durante o dia das noites mal dormidas e vamos que vamos... rs

Agora que somos vizinhas vamos tentar nos ver mais vezes para matar as saudades e também para nossos pequenos crescerem juntos, e quem sabe, um dia ainda brincarem de lutar com espadas... será para mim uma tremenda honra!

Ano novo... 2013!

Demorei para escrever o primeiro texto nesse ano, porque minha vida anda uma correria só e principalmente porque queria falar de alguma coisa boa. Não sei se por superstição ou por desejo de que assim tudo continue igual. No entanto, apesar de ter um monte delas acontecendo ao meu redor tem um acontecimento triste que não saiu de minha cabeça desde que tomei conhecimento. Relutei bastante para começar o ano falando disso aqui, mas resolvi fazê-lo como maneira de protesto para que minha energia contribua para um mundo sem violência. Trata-se do assassinato da jovem Daniela, grávida de 9 meses.

Daniela não era minha conhecida assim como não era da maioria dos brasileiros. Sem entrar agora na questão da mídia sobre o por quê da cobertura de apenas alguns casos e não de tantos outros que acontecem como esse e sobre o sensacionalismo que se faz em torno do acontecimento para ganharem pontos de audiência a questão essencial para mim é que é muito fácil nos colocarmos no lugar dessa jovem, dessa família, desse bebê e isso nos toca profundamente.

Algo revoltante, a vida de alguém interrompida precocemente por alguém banal que acaba interferindo na vida de tanta gente ao redor. Triste retrato de nossa atual sociedade que vê cenas como essa acontecendo corriqueiramente e por culpa dela mesma, isto é, a maneira como temos funcionado produz cidadãos assim ou pelo menos não freia cidadãos assim. Neste caso, por exemplo, tratava-se de um fugitivo que posteriormente chegou a ser preso duas vezes por motivos distintos e ainda assim estava solto!!! Muita coisa está errada e precisa mudar se queremos viver de outras maneiras entre todos nós, com todos nós e para todos nós.

Em um de meus últimos textos intitulado "Sem direitos", num tom de desabafo dizia todos os direitos que perdemos sobre nosso próprio corpo quando nos tornamos mães e um deles é que não podermos mais morrer. Claro que nem sempre isso está em nossas mãos diretamente, mas o que na verdade quis dizer é que a ideia de que ao colocarmos um ser no mundo passamos a ter muito mais responsabilidades e deixar de estar presente é consequentemente ficar ausente nas vidas de nossos pequenos. A simples constatação disso já é em si angustiante e o fato concretizado, desesperador.

Essa mãe perdeu o direito de ver a filha crescendo, a maior dádiva do mundo e de fazer tantas outras conquistas em sua vida e sua filha, que ainda bem se salvou, perdeu a chance de usufruir plenamente de todos os benefícios da relação mãe e filha, um dos vínculos mais fortes que podem existir entre duas pessoas.

Nunca fui uma pessoa medrosa, quando mais jovem andava sem preocupações por qualquer lugar, mas desde que virei mãe fui me dando conta de nossa importância na vida desses pequenos assim como de nossa fragilidade diante de certas situações e de meu desejo em ver meus filhos crescerem desenvolvi um medo. Por um lado é ruim, pois tenho convivido com uma insegurança dentro de mim, algo novo que estou aprendendo a lidar para ficar bem até porque não quero criar meus filhos medrosos desse mundo, deixando de aproveitar a vida porque existem babacas soltos por aí, o que por outro lado é bom, pois tenho me tornado uma pessoa mais cautelosa e zelosa que busca maneira de manter viva a fé de que tudo pode dar certo.

Nos três últimos anos fui professora de três alunos que perderam as mães. Dois deles haviam as perdidos há anos, tinham uma família estruturada que assumiram o controle da situação e por isso continuavam caminhando com sucesso. Ainda assim tinha uma pontinha de tristeza no olhar, uma dor de doer, dessas que não passam, mas podem ser acalentadas com apoio e afeto, o que fiz com prontidão. Já a outra aluna perdeu a mãe durante o ano letivo e foi muito difícil apoiá-la diante de tal perda recente e assegurar os demais alunos de que tratava-se de uma situação rara. Mas me reergui ainda assim, pois aquela menina e aquela turma precisavam de mim inteira para ajudar-lhes a continuar tocando suas vidas da melhor maneira possível - e a cada vez que eles davam um sorriso diante de um afeto, a descoberta de um conhecimento ou a superação de um desafio (e foram muitos no decorrer) meu coração se alegrava.

A morte de Daniela me traz diferentes sensações: como cidadã fico indignada, como mãe amedrontada e como educadora, esperançosa: certa vez, o pai de um aluno de 7 anos que havia perdido a mãe aos 3 anos de idade me disse: "meu filho apesar de tudo está bem hoje, pois sua mãe enquanto esteve viva foi para ele a melhor mãe do mundo!". Nesses momentos, respiro fundo e mentalizo que as coisas podem melhorar.

Feliz 2013.


 
Quino