domingo, 21 de setembro de 2014

Mariana Cintra: seja bem vinda!!!

Com muita, mas muita alegria mesmo anuncio a chegada de mais uma princesa a esse mundo: a Mariana, filha de minha amada amiga Milena, do Tito, irmã da Isabella e parte de uma família queridíssima. Desejo que a chegada de mais essa "peixinha" no mar de suas vidas traga muita coisa boa!!!

Hoje, ao ler o primeiro texto de Rubem Alves  "Laudate Pueri" do livro "A grande arte de ser feliz" (recomendo!) pensei muito nesse acontecimento. Neste, meu grande mestre escreve para mais uma neta que acaba de nascer. Numa verdadeira viagem ao universo e às suas memórias ele comemora essa chegada tratando de várias questões da sua vida, e inevitavelmente das nossas também, uma vez que como sempre, ele fala do que é essencialmente humano, do que nos une e nos diferencia como, por exemplo, a relação com a vida, com as pessoas, as brincadeiras, a fé.

Para mim, pensar em Milena é pensar em Deus. Que Deus existe, que Deus é vida, é alegria. Minha amiga de fé que faz tão bem a todos que a rodeiam e que tanto fez parte de minhas inúmeras reflexões a respeito como de muitas outras vivências. Ela, que para disseminar a fé foi até o Peru, onde conheceu seu marido e onde atualmente vive com sua família. Sinto uma saudade que corresponde literalmente à distância que nos separa fisicamente, mas que obviamente não é suficiente para acabar com os verdadeiros laços afetivos.

Dois dias antes de Mariana nascer, por exemplo, conseguimos trocar algumas palavras, e pude tranquilizar minha amiga que estava um pouco aflita por desejar um parto normal, mas vinha recebendo constantes negativas do médico. Apesar de ser muito a favor do primeiro, naquele momento, senti que cabia acalmá-la para que ela conseguisse focar na chegada da filhota e pudesse recebê-la com todo amor que ela tem no peito - e não é pouco. E claro, rezar muito e esperar pelo melhor. E foi o que aconteceu: Mariana nasceu bem, e esse é o resultado mais importante para um parto ser considerado bem sucedido ou pelo menos o melhor possível, em cada contexto.

Para você, minha querida amiga dos meus sonhos, paras suas pequenas e sua família segue o texto que mencionei, e assim mais uma vez, faço as palavras de Rubem Alves para a chegada de sua neta Ana Carolina as minhas para a chegada de sua pequena Mariana. Com todo meu respeito e admiração.


Laudate Pueri - Rubem Alves


"Cada um louva como pode. Os magos, ricos, trouxeram presentes caros, preparados por artistas e comprados em lojas de cristal; os pastores, pobres, trouxeram nas mãos coisas que eles mesmos haviam colhido: o brilho das estrelas nas noites tranqüilas, a música das flautas na solidão das colinas; o cheiro do capim molhado de orvalho; as vacas e os jumentos, sem nada poder colher ou comprar, louvaram a criança com seus olhares mansos e, musicalmente, binariamente, com o balanço do rabo.

Eu também louvo do jeito como sei e posso: são cinco horas da manhã. A lua, um 'D' brilhante, faz tranquilamente o seu serviço de luz do meio do céu. Penso em você, que ainda não vi e nem pensa em mim, por não saber que eu existo. Me pergunto sobre o louvor que sei. Música, é claro. Não existe nada mais profundo. A alma, nos seus lugares onde as vozes perturbadas dos homens não atingem, onde tudo é silêncio, lá não há palavras. Lá só existe música. Os físicos de hoje, quanto mais sabidos mais tolos ficam. Esqueceram-se da sabedoria dos antigos. Dizem que no início de todas as coisas está a energia. Agora eu lhe pergunto, a você que nunca foi a nenhuma escola: o que é que vem primeiro - a música ou a instrumento? Qualquer tolo sabem que a música veio primeiro. Primeiro os homens ouviram a música com os ouvidos da alma. E tão fascinados ficaram que trataram de inventar instrumentos para que também os ouvidos do corpo a pudessem ouvir. Da música nasce a matéria. Os físicos antigos sabiam disto. Olhavam para os céus estrelados e ouviam a silenciosa música das esferas: cada astro era um globo de cristal, instrumento de uma orquestra na qual Deus tocava sua música. O evangelista escreveu: "No princípio era o Verbo". Mas ele, distraído, se esqueceu de dizer que esse Verbo eram as palavras de uma canção. Ele prestou só atenção na letra. Caso contrário teria escrito: 'No princípio era a Música'.

Uma vez que, com a sua chegada, o universo se inicia de novo, achei que seria próprio combinar o escuro da noite, o brilho da lua, a minha abençoada solidão de madrugada com a música, para assim louvar você. Não quero lhe oferecer só a música que existe nos vãos das minhas palavras. Quero lhe oferecer música pura. E foi assim que, no meio dos meus CDs procurei e achei: Laudate pueri - louvai, crianças - George Friedrich Handel, Dietrich Buxtehude, Antonio Vivaldi. E é isso que ouço enquanto escrevo.

Prestando bem atenção você perceberá que seu nome é música - mínima música. Basta repetir alto, Ana Carolina, Ana Carolina, Ana Carolina - menina bailarina, que dança em câmera lenta, em passos binários - ou será o movimento das asas de uma gaivota, binários também - talvez não haja diferença - o que todos os bailarinos desejam é voar como pássaros, por isso saltam tão alto, suplicam aos deuses o milagre de transformar sua dança em voo - desejam levitar, flutuar no ar.

Ritmo binário, tum-tum, tum-tum, tum-tum, assim bate o coração da mãe, a que seus ouvidos estiveram encostados por nove meses, e de tanto ouvi-lo ele ficou gravado no seu corpinho, que agora sabe que quando esse ritmo é ouvido o universo está em ordem. Tum-tum, tum-tum, tum-tum, não há o que temer, pode dormir. Assim batem as canções de ninar, assim balançam berços, assim batem as mãos no bumbum do nenezinho. Todos querem imitar o coração materno.

O que vou lhe dizer é um segredo, conversa entre avô e neta - os pais estão excluídos, não diga nada para eles. Aprenda: os adultos são uns tolos. É preciso que você não fique como eles. Claro que eles vão fazer de tudo para passar você na máquina xerox chamada escola. Resista. Se eu ainda estiver por perto eu a ajudarei. Palavra de avô. Pergunte à Mariana, sua priminha. Ela confirmará o que estou dizendo.

O Pequeno Príncipe... Até me esqueci de perguntar se você, em sua longa viagem até essa terra, não passou por ele. Como ele é? É fácil saber. Mora num minúsculo asteróide, cuida de uma rosa, tem um carneirinho, e morre de rir quando se lembra dos adultos... Ele percebeu aquilo que só nós, crianças, percebemos: que eles, os adultos, são todos doidos. Por exemplo - foi ele que me disse isto: se a gente disser para um adulto que a casa da gente é branca, de janelas vermelhas, flores no jardim e pássaros no telhado, eles ficam olhando, cara espantada, como se fôssemos de um outro mundo. Agora, se a gente disser que mora numa casa que custou R$ 300.000,00 eles sorriem e dizem: "Mas que linda casa!"

Os adultos pensam que o maior e o mais caro são o melhor. Pensam que a alegria e os deuses vêm empacotados em embrulhos grandes. Por exemplo: quando falam em Deus pensam logo numa coisa grande, muito grande, terrível, do tamanho do universo, e ficam falando em coisas que o pensamento não entende, como tempo de bilhões de anos e distancias de anos-luz. Não sabem que a alegria, o maravilhoso, o divino, estão ali pertinho, ao alcance da mão. Divina é uma gota de orvalho, uma amora roxa, uma cambalhota de tiziu, um raio de sol numa teia de aranha, a cor de uma joaninha, um bombom, uma bolinha de gude, um amigo, uma acertada de bilboquê: coisas pequenas, sem preço. Como você. Você é pequenininha e, ao preço de mercado, não deve valer muito. Mas você é mais maravilhosa que o universo inteiro. Porque você tem o poder de dar alegria e de sentir alegria. O universo não tem. Deus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universo é uma caixa de brinquedos. Deus vê o mundo com olhos de criança. Está sempre à procura de companheiros para brincar. Os grandes, doidões e perversos pensam que Deus é como eles, de olho malvado, que os espiona em todos os lugares, para castigar. Você sabe que não é assim.

Sua boquinha no seio da sua mãe: sem saber nada você já sabe a filosofia essencial. No seio se encontra o resumo de tudo o que vale a pena ser sabido. Primeiro, que é importante viver. O leite dá vida. Mas o seio não é só o lugar do leite. É o lugar de deleite. Prazer. A gente vive para ter prazer. No seio se aprende que viver é bom. Viver é divino. O mundo é um corpo cheio de seios, um espaço cheio de paraísos. Mas os seios e os paraísos só aparecem àqueles que têm os olhos de criança.

Essas coisas que estou lhe dizendo são coisas que só aprendi direito depois que fiquei avô. Eu sabia delas quando era menino. Quando virei adulto fiquei sério e esqueci. Depois de ficar velho, esqueci as coisas de adulto e reaprendi o que havia esquecido.

Sabe, Ana Carolina: estou fazendo uma casa para vocês, minhas netas: você, a Mariana e a Camila, e os outros que vierem. Lá estou colocando minhas coisas de criança, brinquedos. Somente eles julgo dignos de serem preservados. Lá estão piões, bolas de gude, pipas, caleidoscópios, quebra-cabeças, bonecas, marionetes, fantoches, um mundaréu de objetos inúteis que não servem para nada mas que têm o poder de fazer sonhar, livros de estórias, de poesia, de contos, livros de figura, jardinzinhos, fontes, plantas, bonsais, quadros, posters, CDs. Essa é a minha casa, a minha herança: uma casa de brinquedo para vocês. Agora, que você chegou, e sem ter visto o seu rosto, eu olho para os meus brinquedos, e imagino você brincando com eles. Isso me faz feliz. E, quem sabe, até mesmo seus pais e outros adultos tornados crianças se juntarão a nós. Beijão do seu avô, companheiro de brincadeiras."





Lina, Carol... Tudo uma só!!!

Durante a gestação de minhas meninas Mateus, pequenino na época, aos poucos, começou a vincular-se às irmãs passando creme na minha barriga, experimentando o berço delas e, claro, chamando-as pelos nomes. Como ensinamos, logo falou Bebel para Isabel (gostamos desse apelido), e por um bom tempo só falava esse nome, afinal, sabíamos da dificuldade dele entender que tinham dois bebês dentro de mim (confesso que até hoje nem eu compreendo muito bem como isso foi possível - verdadeiro milagre!) como também da facilidade dele pronunciar esse nome. Aliás, entre os bebês Bebel sempre ficou famosa primeiro, chegando a ser a primeira palavra falada por alguns deles.

Certa vez, os pais de uma colega de sua antiga escola compartilharam (rindo) seu desejo em elaborar um curta para o Festival do minuto em que um guarda pararia o carro deles, perguntando se o motorista havia bebido e ao que ele respondesse que não a câmera iria para a filha na cadeirinha do banco de trás dizendo (a única coisa que dizia na época): "Bebel" (rsrs). Adoro esse povo com humor!

Passado um tempo, quando Mateus começou a nomear Carolina passou a chamá-la espontaneamente de Lina, deixando-me completamente encantada e rendida a esse apelido carinhoso. Na época, algumas pessoas me perguntaram se podiam continuá-la chamando de Carol.

Carolina foi o primeiro nome escolhido por mim e por Luiz, durante minha primeira gravidez, quando ainda não sabíamos o sexo de nosso bebê. Nome doce e forte ao mesmo tempo, de mulheres de todos os tipos que já conhecemos na vida, todas muito marcantes. Além disso, são protagonistas de duas músicas que adoro, de Chico e de seu Jorge. "Carol, Carol, Carol, Carol...", como este último canta é um apelido que adoro tanto que certamente também pesou nessa escolha.

De maneira geral, sempre fui conhecida como Ju assim como toda Juliana (muitas na época) e Julia (poucas, ao contrário de hoje em dia, quando as crianças ao ouvirem meu apelido logo acreditam que me chamam Julia). Mas lembro-me de algumas pessoas, todas muito saudosas, que me chamavam de um jeito único como meu vô que quando estava de bom humor logo dizia com seu jeitinho fofo e cativante:"Juju", de  meu tio Ivo que dizia: "Juzinha" e do porteiro de meu ballet, o Juarez que me chamava de "Jurinha". Certamente este último, em especial, também devia chamar outras Julianas do mesmo jeito, mas isso nunca importou, porque eu me sentia mesmo muito especial em ser recebida com essa demonstração de afeto genuíno e espontâneo. O inverso não dá certo...

Mais velha, lembro de uma viagem que fiz à Bahia, onde todos me chamavam de "Juli", jeito como eles abreviam esse nome, e assim o que era comum aos olhos dele, aos meus se tornou uma carinhosa marca - ainda por cima, fui para lá na época que uma música de axé "a Juliana não quer sambar... Samba juliana, samba..." estava no auge. Até em cima do palco me colocaram para dançar com esse grupo. Memórias de vários sabores me vêm à cabeça... De todo modo, voltei a São Paulo decidida que me chamassem dessa maneira, e claro que não deu certo. Tirando nosso primeiro nome que é uma imposição, e que mesmo assim a gente pode não gostar e mudar. Lembro uma vez que encontrei numa viagem um colega da escola antiga e, emocionada, gritei o nome dele que logo ficou constrangido, pediu para eu falar baixo, porque havia trocado de nome. E olha que ele nem era da turma dos nomes esdrúxulos, era apenas um nome pouco sonoro e convencional... O contrário também pode acontecer como, por exemplo, quando quis manter meu nome de solteira mesmo casando convictamente que não quero me separar de Luiz. Mas não fazia o menor sentido eu ter seu nome, identidade zero, e sem julgamento algum para quem muda, apenas o bacana hoje em dia é sabermos que nós, mulheres, não precisamos forçosamente fazê-lo assim como os homens devem saber que durante a união civil podem assumir o sobrenome das esposas. Todas conquistas de direitos.

De todo modo, não adiantou naquela época assim como não adiantaria hoje pedir para meus conhecidos me chamarem de um jeito que não veio como um movimento espontâneo. Aos poucos, me dei conta que entre tantas "Jus", eu era conhecida como a Ju Parreira, e isso me acalmou tanto. No fundo, trata-se sempre de nossa busca eterna de identidade em processos que se encontram e se desencontram de similaridades e diferenças.

Lembro-me da primeira vez que tive que escolher oficialmente uma assinatura para a emissão do RG, e como nunca consegui fazer umas diferentes com padrão de regularidade (aqueles traços malucos), escrevi meu nome por extenso como minha mãe. Tempos depois, quando abri minha conta bancária aos 16 anos, omiti o sobrenome do meio, por já me dar conta de que este último havia tomado uma força maior na minha história (meu pai é chamado pelo sobrenome até mesmo em casa, e este último me diferenciava das outras "Jus"). Mas percebi que minha mãe ficou mexida dizendo que se meu vô soubesse ficaria triste. Entendi sua dor, de mulher, na hora. Mas assim como não conseguia forçar as pessoas a me chamarem de Juli naquela altura não conseguiria que me chamassem de Ju de Mattos. Tempos depois, vi a mesma dor nos olhos de minha sogra ao se dar conta de que seu nome, uma vez divorciada, não iria para seus netos. Eu e Luiz combinamos de cada um escolher apenas um de nossos sobrenomes para colocar nos nomes dos filhos para evitar nomes demasiadamente extensos. Não sabíamos se era o ideal, mas foi o critério que usamos. E claro, que não muito tempo depois entendi o que essas mulheres sentiram quando Mateus passou a ter xará na sala e passou a ser chamado de Mateus Penna. Sensação de exclusão que passou no instante em que me lembrei dessa história toda. Sei que certamente estou deixando marcas fortes em meu filho que vão além de formalidades, por um tempo, por exemplo ele chamava o avô de "vô Parreira Penna" como é para ele: duas coisas indissociáveis.

Como mãe, sei que posso escolher os nomes de meus filhos, mas não como vão chamá-los, porque trata-se de algo diretamente relacionado aos seus jeitos (falando aqui dos apelidos que nascem dessa forma como meu irmão que chama de Chefia - como não se render?) e às construções de suas relações, constituindo-se como parte essencial de suas histórias. Assim, chamo Carolina de Lina, porque além da sonoridade deliciosa, foi como meu menino nomeou pela primeira vez a irmã, bem ao seu jeito e com todo seu afeto. Já Luiz, por exemplo, a chama de Carol.

Quando ela entrou na escola a professora perguntou como queria que a chamassem, fiquei em dúvida até porque também a chamo de muitos outros jeitos (Carolinda, Linoca Tibiriroca, Fofucha). Acabamos combinando Lina. "Caoina" foi uma das primeiras palavras de Bebel para chamar a irmã. Lina levou um tempo para nomear a si própria, desafios de todos bebês potencializados por ter uma irmã gêmea. No início, falava de si como Bebel, depois Menina, EU - todas conquistas ao seu tempo! - e ontem falou assim para me contar que estava colocando suco para mim: "A Caol põe uco, tá bom mamãe?". Silêncio de espanto e reelaboração das ideias.

Depois pensei e disse baixinho a ela: "Tá bom, minha filha!". E ainda pensei: "Você tá mesmo danada, cada dia mais se afirmando nesse mundo, se colocando como sujeito ativo de todas as construções que permeiam nossas relações de afeto. Orgulho da mãe, minha pequena Lina, minha pequena Carol, minha pequena tudo isso e muito mais! Pelo jeito você também terá muitas narrativas para contar sobre como construiu seu lugar no mundo, e eu sempre vou querer te ouvir".


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Sofia Tavares: seja bem vinda!!!

Desde o Grupo 1 Mateus tem um grande amigo que a cada dia vira mais e mais um amigo especial, o Arthur. Os dois dividem grandes paixões como futebol e super-heróis ,e juntos vêm construindo uma bonita história de amizade, com suas delícias e desafios como toda relação possui, e acima de tudo, muito companheirismo.

Agora, esses dois pequenos grandes amigos passaram a ter mais uma coisa em comum: o dia do nascimento de suas irmãs. Explico: há dois anos atrás, Carolina e Isabel, irmãs de meu menino nasceram no dia 7 de setembro, como escrevi na postagem anterior, e Sofia, irmã do Arthur, nasceu ontem, no mesmo dia!!!

Viva, viva, viva!!! Parabéns ao Arthur que ganhou uma irmã, uma amiga, à sua querida mãe Isabela e ao seu pai Fernando. Desejo tudo de maravilhoso a essa família! Contem conosco para o que precisarem.

Quando mencionei ao Mateus essa coincidência, obviamente, ele não compreendeu plenamente sobre o que estava me referindo, apenas - pela minha alegria - que tratava-se de coisa boa, assim como imagino que nesse momento Arthur não tem a dimensão total do impacto da chegada da irmã em sua vida. Contudo, esses pequenos são sensíveis e sabidos, e com o tempo e a vivência, cada vez mais eles conseguirão ampliar seus parâmetros sobre o que significa ter marcas em comum assim como construir verdadeiras relações de afetos entre amigos e irmãos. Algo impagável, que eles já têm tido o privilégio de experimentar!!! Fico assim na torcida para que a vida reserve mais e mais surpresas boas para todos esses pequenos, eles merecem, principalmente a pequena Sofia!!!

Beijão

domingo, 7 de setembro de 2014

2 anos de Lina e Bebel!!!

Extremamente emocionada... Minhas meninas completam hoje 2 anos de nascimento!!!

Estou bem sensível desde que comecei a organizar umas fotos para a festinha delas na escola que revelem esse crescimento, porque é mesmo muito, muito emocionante acompanhar cada conquista e relembrar cada momento vivido. É verdade que tomei um susto ao saber que estava grávida de gêmeas, mas logo me dei conta da sorte grande que havia tirado ao gerar dois bebês de uma vez só. Nesse processo fui me preparando, contando com o apoio das pessoas ao meu redor.


Hoje, sinto uma saudade gigante do tamanho de minha barriga, de carregá-las, das duas me esmagarem, de nós 3 juntas e de Mateus nos acariciando. Ainda bem que podemos continuar nos apertando mesmo que estejam fora dela, e mais maiores.


 



Saudade do momento do parto, de ter registrado melhor na minha cabeça a carinha de cada uma quando chegaram. Vontade de congelar aquela cena. Mas foi tudo tão rápido, Luiz perdeu o nascimento da Carolina, meu médico também, e eu, em meio a choros emocionados por um parto intenso e natural de uma menina linda, estava ainda concentrada para que a chegada de Isabel também fosse intensa e perfeita. Em compensação uma das únicas cenas que tenho guardada em minha memória para sempre foi a de no momento de dar à luz a Isabel meu olhar cruzar com o de Lina que estava no colo de Luiz. Nesse momento, me entreguei completamente à emoção e me senti a mulher mais realizada. Desde então meu sentimento só cresce, e tenho cada vez mais orgulho por ter colocado no mundo duas mulheres tão "porretas"!!!

 
 
 
 
 Saudade de amamentar, de vivenciar esse momento de puro amor com meus três filhotes. Mas o maravilhoso é que como o amor cresce, cenas desse tipo também são vividas de maneira ampliada.
 
 
 

 
Saudade, saudade, saudade.

Apesar de meu desejo de reviver alguns momentos para "fazer melhor"' ou aproveitar ainda mais, não vivo presa no passado. Pelo contrário, tento me perdoar pelas falhas causadas pelas limitações inevitáveis para assim aproveitar o presente que ganhei de minhas escolhas anteriores.

Sem dúvida alguma, meu melhor presente nesse tempo presente são meus três filhos. E hoje é o dia delas, das minhas meninas, minhas flores, minhas passarinhas, minhas princesas, minhas molecas. Elas sempre foram deliciosas e a cada dia me surpreendem, me encantam, me deixam apaixonadas... tanto, tanto.  São simplesmente deliciosas e todos os dias me presenteiam com fortes abraços, gestos intensos, carinhos aos montes e cada vez mais, bate-papos elaborados.




É verdade que a vida ficou mais corrida desde a chegada das pequenas, mas verdade maior ainda é que a vida ficou muito, muito mais animada e principalmente, "encaixada". Atrapalharam em nada, como alguns acham, minhas virginianas chegaram para colocar ordem e maior sentido na minha vida. Sem elas, não há mais vida. A vida, a minha vida, só é possível assim... Não há outro jeito de eu existir plenamente. E dou minha vida para que a delas também seja plena. Sempre serei grata por elas terem me escolhido como mãe, e por me ensinarem tanta coisa sobre cumplicidade e autenticidade.

Minhas meninas são cúmplices como unha e carne. Desde pequeninhas, quando colocadas junta à outra, logo se tocavam e se acalmavam. Cresceram rindo e fazendo careta uma para a outra. Como uma ciranda da vida, circulavam engatinhando pelo espaço em direções distintas, depois se encontravam, se cheiravam e se tocavam, balbuciavam uma à outra e logo retornavam à exploração individual. Também brigavam, disputas por objetos eram comuns. Sempre tentamos não interferir muito e elas foram aprendendo a resolver suas questões sozinhas, sempre que possível. Aprenderam muito com o irmão, a inclui-lo, a exclui-lo, a imitá-lo. Ele também aprendeu com ela, que os tempos e as possibilidades de cada um são diferentes, que precisa marcar posição como dar espaço ao outro, dependendo do contexto e que uma comunicação de afeto se faz por meio de inúmeras linguagens. Desse modo, este tem sido o clima que se instaurou aqui em casa, de cumplicidade de irmãos que brincam e brigam juntos, que disputam espaço tendo como referência a ética dos adultos, e que aprontam juntos para escapar dessa mesma ética e acima de tudo estão sempre juntos, em relação. Somos seres coletivos, sobrevivemos e aprendemos dessa maneira solidária de troca. Que baita oportunidade esses meus pequenos tem tido!



Minhas meninas também me ensinaram que quando se tem este grau enorme de envolvimento não é necessário um brinco para diferenciá-las, o que é de uma não é da outra, somos seres únicos. Dessa forma nem é possível nos referirmos a elas o tempo todo no plural. Carolina, Lina, Linoca Tibiriroca, Carolinda e Carol é uma, e Isabel, Bebel Saracutel, Bel, Belzinha, Isabel La, e outra. Ou vice-versa. E que temos que preservá-la dessa tentativa das pessoas de as igualarem sem prestar atenção aos seus detalhes e expressões como de diferenciá-las como mais ou menos "quem é mais sapeca? quem é mais inteligente?". Uma vez que somos todos diferentes sempre haverá uma mais e outra menos para cada ponto, mas se já é complicado, injusto e muitas vezes improdutivo fazer isso com uma gama maior de pessoas imagine com apenas duas... tão novinhas e que estão se experimentando. Tão lindo ver o que é só de uma, e o que é só da outra, e mais lindo ainda quando elas trocam de jeitinhos ou ampliam suas expressões. Fico simplesmente encantada em acompanhar esse processo das duas e de cada uma, e principalmente em ter a chance de construir laços afetivos entre todos e com cada um.



Fios da vida que tem sendo tecidos por nós, com muito amor, e principalmente, gratidão pelo privilégio de gerar 3 filhos que amo de paixão e acompanha-los todos os dias em suas grandiosas experiências.


Carolina, minha filha doce e guerreira, sou completamente apaixonada por você. Meu bebê anjo que aprendeu a berrar para chamar pela mamãe quando eu estava atrapalhada. Até hoje minha menina risonha, da gargalhada deliciosa, quando decide por algo grita com toda força. Intensa, viva e cheia de energia, "chega chegando" em todas as situações, porque quer mesmo aproveitar tudo. Sabida, gostosa, fofa, minha menina que quer sempre estar junto de todo mundo, mas também sabe mergulhar numa experiência e esquecer-se do mundo ao redor assim como a mamãe. Você me faz um bem danado e sempre vou me esforçar para te ouvir sorrindo, porque quero aprender contigo e sei que vale à pena!


 


Isabel, minha denguinho sapeca, sou completamente apaixonada por você. Como não ser? Você é carinhosa, adora agarrar, apertar, abraçar, beijar tudo e todos ao seu redor, uma coisa de gostosa. Tenho tanto a aprender contigo. Sabida, sempre quer ajudar e antecipar as coisas que vão acontecer. Sempre me surpreende! Seja num gesto de afeto, seja numa ação independente de quem sabe que está nesse mundo para viver coisa boa e vai atrás, e persistente que é, não espera acontecer, parecendo tanto a mamãe nessas horas "metida" a fazer as coisas sozinha. Vive intensamente, cantando e dançando com leveza e delicadeza. Um charme só! Você me faz um bem danado e sempre vou me esforçar para te ver cantando, porque vale à pena!



Minhas meninas, vocês são filhas maravilhosas. Desejo a cada uma muita saúde e energia boa para viverem mais um monte de coisa boa. Amo cada uma de um jeito que vocês nem podem imaginar, só quando virarem mamães saberão... Enquanto isso o que é importante mesmo é as duas terem certeza de que podem contar comigo, sempre, para voos cada mais profundos e mais altos, ou do jeito que quiserem...

 
 
 
PS: Mateus, meu querido, foi você quem me tornou mãe, lembra? Todo meu amor e gratidão. Vamos hoje cuidar muito para que o dia das nossas meninas seja bem especial, e assim todos nós vamos nos divertir muito. Te amo demais para sempre.



 



terça-feira, 2 de setembro de 2014

Nossa responsabilidade com os mais jovens

Na semana passada estava numa rua de comércio popular quando senti alguém mexendo na minha mochila. Olhei para trás e era um moleque, menino bonito de uns 17 anos no máximo, que em seguida tentou disfarçar dizendo: "O que foi?" e logo saiu andando, com olhos fixos em mim. Eu também fiquei com olhos fixos nele, num misto de susto pelo incidente, indignação por ver um jovem prestes a cometer uma bobagem e esperança de que ele pudesse perceber o mesmo que eu. Ainda tomada pela emoção do momento, quando me dei conta estava atrás do rapaz falando, num tom ponderado e firme: "Que coisa, heim? Tá certo pegar coisa dos outros? Um rapaz como você... Vai fazer alguma coisa bacana da sua vida. Quanto desperdício de energia!" O menino continuou se afastando, em companhia de seu parceiro, contudo, sem deixar de acompanhar minha movimentação até que com uma buzinada, eu e minha mãe percebemos que estávamos no meio da rua e quase fomos atropeladas por uma moto, e cada dupla seguiu por uma direção distinta.

Foi uma cena que mexeu comigo, porque além do susto, me vi na obrigação de intervir para com as atitudes daquele menino. Se isso vai fazer diferença diretamente na vida dele eu não sei, mas fico desejosa que sim, de que ele possa vir perceber que naquele dia perdeu a oportunidade de um furto, mas ganhou a oportunidade de experimentar outro jeito de viver. Afinal, acredito na potência de todo ser humano e principalmente do que aprendemos uns com os outros em nossa vida coletiva.

É verdade que às vezes é bem irritante quando as pessoas palpitam nas suas ações, principalmente quando ultrapassam uma linha tênue do respeito ao seu jeito, tempo e possibilidades distintos. Como mãe, isso acontece com frequência, já falei sobre isso aqui algumas vezes, a tal "chuva de palpites" desde que a gravidez é anunciada. Eu mesmo, confesso, vez ou outra deixo escapar uns palpites por aí. Perdão pessoal!

Contudo, talvez porque agora seja uma mãe um pouco mais segura a ponto de saber diferenciar os palpites que me complementam daqueles que não me acrescentam como também porque, com três filhos pequenos, a vida me ensina constantemente que preciso sim de ajuda, tenho cada vez mais lidado de um jeito tranquilo diante de dicas e críticas. E recebe-las de maneira mais aberta tem me feito um bem danado, me possibilitando outro ponto de vista sobre algumas coisas e assim me vejo totalmente agradecida e comovida frente aos inúmeros gestos de solidariedade que recebemos quando, por exemplo, chego à escola com meus filhotes e logo vem um monte de gente oferecer algum tipo de ajuda seja para dar as mãos para alguma criança ou pegar algum objeto que deixei cair no chão. Em geral, tenho aceitado, mas vez ou outra recuso, simplesmente por não ver necessidade e não querer incomodar, já que o quê aos olhos dos outros é uma cena tensa, andar com os três pela calçada, por exemplo, aos meus não é; trata-se da minha realidade, a minha vida. Aliás, se eu acreditar que não dou conta dessa tarefa sozinha, aí realmente terei um grande problema nas mãos. Sei dos limites de nossa dinâmica tanto que ainda não vou a um parque sozinha com eles, por exemplo, e quando necessário peço ajuda desesperadamente.

Mas agora, o que queria mesmo frisar é que tenho ficado cada vez mais confortável e encantada com os olhinhos atentos e cuidadosos das pessoas ao nosso redor acompanhando a movimentação de minha família. Às vezes, sem mesmo haver necessidade, tenho conseguido aceitar ajuda apenas pelo gesto carinhoso. Sensação de fazer parte, de ser cuidada, querida. Além do mais, quantas coisas meus filhos podem aprender com cenas como essas? E por fim, fico muito esperançosa de que aquele menino, do começo desse relato, tenha sentido o mesmo com o meu olhar de cuidado para com ele.

Segue o texto "Brincar de faz-de-conta", de Rosely Sayão, educadora e colunista da Folha de São Paulo que fala da nossa grande responsabilidade para com todas as crianças e jovens se estamos comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2014/08/1495842-brincar-de-faz-de-conta.shtml