domingo, 26 de fevereiro de 2017

Gael Bevilacqua, Dudu Arvélos, Joana Nogueira e Sofia Alfano: sejam bem vindos!!!

E claro que seriam eles... Os bebês... Esses seres fofos que me trariam de volta ao blog.

Na correria do dia a dia e na pausa das férias, estive ausente neste espaço, para ficar presente em minhas relações. Agora volto recarregada de energia, de quem acredita mesmo que a vida vale a pena - e na minha vida, esse blog carrega muito sentido. Aqui, elaboro e compartilho alguns de meus sentimentos e pensamentos, e nesse exercício consigo entender mais sobre mim, o outro, o mundo.

Trata-se de um exercício simples e ao mesmo tempo complexo esse de se reelaborar. Acima de tudo, o exercício que mais as mães fazem desde a chegada de seus pequenos. Agora mesmo acabei de ler sobre uma pesquisa da Universidade Autônoma de Barcelona que verificou uma grande alteração na massa cinzenta do lobo temporal e do córtex pré-frontal no cérebro de mães de primeira viagem. Essas áreas que sofreram mudanças significativas são responsáveis por reconhecer emoções alheias, o que sugere o corpo se preparando para adquirir uma maior capacidade em intuir as necessidades dos filhos e seu estado emocional, além de ajudar na construção da conexão afetiva entre ambos. Por isso, não só só os bebês recém chegados a esse mundão me encantam como também as mamães e papais recém nascidos.

Meu nascimento como mãe, há 6 anos, ainda traz marcas fortes em mim. Sou outra desde então, ainda mais depois de parir mais duas vezes. Sigo me descobrindo, ensinando enquanto me aprendo com meus filhos, e também com todas as pessoas de meu entorno. Na torcida para que todos possam ter seu tempo respeitado para a construção desses vínculos tão preciosos.

Outro dia, numa roda de conversa, uma amiga querida, grávida, contou que vinha se sentindo uma rainha. Estava linda, mais sábia e radiante, e muito surpreendida pelo excesso de zelo das pessoas para com ela. As outras mulheres presentes, já mães logo lhe aconselharam a aproveitar esse tempinho, pois logo iria perder o reinado. Confesso que minha fala também foi nessa direção. Essa chuva de palpites que se inicia na gravidez é sempre delicada, mesmo quando carregada das melhores intenções. No caso, de ajudá-la a não idealizar em excesso o momento pós-parto. Mas depois, fiquei me perguntando? Como saber qual é o excesso ou não? Quem define esse limite, se essa é uma vivência absolutamente pessoal, tanto que as experiências são bem diferentes?

O que as vivências carregam em comum é a chegada de um bebê que muda tudo. Nesse sentido, temos mesmo que sair do trono para receber esse ser e para nos situarmos de nosso novo lugar - mas não para darmos o lugar a esse bebê, que é o que costuma acontecer em nossa sociedade, deixando tudo confuso para o pequeno, que passa a entender o mundo e as pessoas, a partir de seus desejos.

Nesse contexto, o que sobra à mulher é pressão de todos os lados, se fica de pijama o dia inteiro é uma mãe zelosa, mas uma mulher descuidada, se não passa, é o oposto. Ou seja, ela fica sem lugar. Por um tempo, isso é natural, pois trata-se de cada uma, frente às suas vivências, estar em busca de encontrar-se... diferente.

Digo muito que dessa época dos meus filhos bebês carrego saudades deles, mas não de mim. Afinal, junto à alegria da chegada de meu filho sentia um luto pela mulher que era. Não era um sentimento gostoso de sentir, por isso não guardo apego, mas sei que ir a fundo nesse luto, até para sair dele, era necessário para a minha reconstrução. Contudo, caso vivêssemos numa sociedade mais humana, esse momento poderia ter sido mais proveitoso para que com o tempo, as mães conseguissem voltar a ocupar um lugar de rainha.

Ser mãe é uma coisa muito poderosa. Uma rainha de plenitude, de quem gerou e carregou um ser especial, pariu, amamentou e lhe dá suporte para as primeiras conquistas e por isso será sempre uma referência importante em sua vida. E uma rainha que sabe que não fez tudo sozinha, mas contou com seu parceiro, que também está elaborando o vivido e precisa ser cuidado, e das pessoas ao redor que lhe deram apoios variados. Afinal, um reinado não se faz na solidão.

No meu caso, escrever foi um instrumento importante para me reorientar. E qual minha alegria quando fico sabendo que este canal do blog ajudou outras pessoas! Outro dia recebi (mais) uma mensagem carinhosa da querida Fe, me cobrando pela minha ausência nesse espaço... Então cá estou!

E vamos às boas vindas, tanto para os bebês como para às mães e pais!

Gael: seja bem vindo!!!

Nesse momento, um lar cheio de amor, está em festa. Gael chegou!
Renata e Jano devem estar radiantes, sentindo que todo o amor que nutrem um pelo outro agora deu vida a outro ser. Parabéns! Desejo muitas felicidades a vocês três.
Fiquei muito feliz ao me dar conta de que um dia antes a esse nascimento, meu trio deu a "bênção" ao pequeno ainda na barriga. Eles ficaram encantados, quiseram brincar de nascer de novo. Em nossa despedida disse: "tchau Re, até amanhã!" e ela respondeu: "quem sabe..." e deu seu sorriso gostoso, como de quem já sabia do que viria acontecer no dia seguinte. Mãe sabida esta! Parabéns!

Dudu: seja bem vindo!!!

Outro dia, conheci um ser de uma semana, o Dudu!!! Menino lindo, parabéns Carol. Pena que estava para cair uma chuvarada e para o bem dele, nosso encontro foi breve. Mas nesse caso, sei que nos veremos mais. Desejo tudo de bom para vocês.

Joana: seja bem vinda!!!

Olha que delícia o jeito como o nascimento da pequena Joana foi anunciado pela mãe, minha querida e saudosa Mariana, assim: "Na segunda quinta-feira do ano se comemora a festa do Senhor do Bonfim. Minha Joana escolheu esse dia para nascer! Axé minha linda!". O que dizer mais, se tudo já foi dito??? Só posso desejar mais axé, muito axé para todos vocês que isso nunca é demais!!!

Sofia Alfano: seja bem vinda!!!

Sofia chegou para embelezar a família. Parabéns Gui e Talita e felicidades à pequena!!! Sua chegada é uma bênção, sei que vocês serão pais incríveis, com avós muito carinhosos!!! Contem com os primos daqui para o que precisarem. Beijos grandes.

domingo, 27 de novembro de 2016

Nossas vivências em Cuba

Ontem, aos 90 anos, morreu Fidel Castro. Lembrei-me então de tudo que vivi em Cuba, em 2000, junto de amigas queridas num estágio educacional que participamos. Lembrei-me de todas as delícias e desafios dessa viagem, das certezas e incertezas que desde aquela época nos povoam. Lembrei-me do texto abaixo que fizemos juntas (eu, Marili Dias, Andrea Almeida, Edna Teles e Isis Longo), que conta um pouco do que vivemos durante nossa viagem, e das reflexões que continuaram e resultaram no livro "Imagens de Cuba, a esperança na esquina do mundo", Marcos Ferreira Santos (org.), Editora Zouk, 2002.





Nossa vivência em Cuba

Antes de entrarmos nos detalhes da viagem é importante que vocês, leitores e leitoras, saibam que o grupo maior com o qual viajamos constituía-se de 26 pessoas de diferentes áreas: pedagogia, psicologia, história, geografia, filosofia, professores e professoras universitários, entre outras áreas. O programa era oficial e durante duas semanas com visitas programadas em diferentes instituições educacionais e, também, em um hospital psiquiátrico.

A terceira semana também era para ficarmos em Havana no instituto pedagógico onde estávamos desde o primeiro dia. Mas nós, Edna, Isis, Marili, Andrea e Juliana cancelamos a estada, pois achamos que os discursos das instituições as quais visitamos estavam muito "oficiais".

Tivemos algumas conversas e decidimos que se quiséssemos, realmente, conhecer o povo cubano, sua cultura, como vivem, o que pensam a respeito das coisas de seu país, teríamos que ir para as ruas e para as casas dos cubanos, transitar pelo cotidiano do povo. Afinal, as transgressões também possuem seu valor pedagógico!

Atenção, queridos leitores e queridas leitoras, convidamos vocês agora para uma viagem por cenas "muy esquisitas" do cotidiano da ilha de Fidel vividas pelo grupo durante quatro semanas.

Vocês conseguem imaginar o que é participar de uma passeata em Cuba? Nós também não, até o dia em que nos deparamos com uma convocação nacional para a marcha contra "la ley asesina".

Diz a lenda... quem quem chega "nadando" de Cuba aos Estados Unidos tem garantido um visto permanente, casa, comida, emprego, dólares e todas as "benesses" do capitalismo. Imaginem o alvoroço que tal estímulo causa, principalmente nos jovens. Pois é. Precisamente no dia em que estávamos lá, dois jovens morreram afogados tentando tal façanha.

Por conta disso o comandante Fidel convocou todo o povo cubano para ir às ruas contestar contra tal fato. Nós, professoras brasileiras sedentas por passeatas, afinal, estávamos em férias, não pudemos resistir em participar de tal evento: a primeira passeata do milênio em Cuba, e o que é melhor?... contra os Estados Unidos. 

Tudo nesse dia estava fechado porque era um dia de paralisação nacional. Qual não foi a nossa surpresa ao ver milhares de pessoas (crianças, jovens, idosos, soldados...) num fluxo contínuo de uma caminhada por todos o trajeto do Malecón sem que houvesse um carro de som ou discursos de lideranças. Havia palavras de ordem no decorrer de toda passeata como "abajo la ley asesina!", agitação de bandeiras nacionais e um sentimento de dever cumprido do povo que estava presente.

E em se tratando de povo... "eta" povo caliente e animado!

Uma das coisas mais marcantes para "nosotras", em toda a nossa passagem por Cuba, foi a identidade dos costumes latinos: a dança, a sensualidade, o carinho, a hospitalidade, a curiosidade, o gingado e... pasmem:... as novelas da Globo!!!!!!!

Imaginem vocês que as novelas da Rede Globo são um grande sucesso entre cubanos e cubanas. As pessoas nos perguntavam sobre "el Rey de Ganado". Como já sabíamos o que aconteceria no final da novela que estava sendo transmitida na época, tal final tornou-se para nós objeto de barganha em muitas barracas de feiras de artesanato. 

A pergunta que não quer calar entre nós é: como uma sociedade que atingiu um nível tão alto de instrução e educação por meio de um governo que prima por valores de igualdade e solidariedade vive essa contradição? Como este mesmo governo crítico em relação ao capitalismo pode transmitir em rede nacional essa programação tão capitalista como as novelas brasileiras?

E o que é mais intrigante: como o povo se fascina tanto por elas! Chegam a ponto de acompanhar por um ano a trama das novelas, pois elas são transmitidas, curiosamente, em dias alternado: "dia si, dia no".

Vai entender, né!? Será que Freud explica? Ou Che?

E, mais do que uma contradição, imaginem vocês o que é estar em um país com valores e convicções tão fortes quanto a igualdade de classe social, a importância dos heróis nacionais, da revolução, da consciência das dificuldades causadas pelo embargo econômico, tudo isso presente no imaginário e no discurso de todo cubano que encontramos e tivemos a oportunidade de conversar; e ao mesmo tempo, encontrarmos em uma mesma cidade, como La Havana, por exemplo, distorções sociais como no Brasil (em menores proporções, é claro!) pois o bairro de Miramar em La Havana se equipara ao bairro do Morumbi em São Paulo (alta classe) e o bairro de Cotorro equivaleria ao Capão Redondo (periferia).

Seguindo "a linha da contradição" o que quer dizer da estratégia econômica de fomentar o turismo capitalista de Varadero com o objetivo dos "bienvenidos dolares"? O Turismo, ao mesmo tempo, que alimenta a economia do país provoca uma degradação predatória dos costumes, dos próprios valores que lhe são mais caros. Tal prática promove a demanda de um "mercado par alelo" e mistifica a ideia de felicidade que fica associada ao ter dinheiro para concretizar o sonho de consumismo.

Prestem atenção, caros leitores e leitoras, pois dissemos CON-SU-MIS-MO, e não "comunismo".

Mas, se lhes perguntarem: em qual país existe acesso e permanência na Educação em todos os níveis de ensino com a mesma qualidade para todos? Em qual país a saúde não é uma mercadoria e é pública e gratuita para todos? Em qual país todas as pessoas têm uma moradia e dignidade de sobrevivência? Para nós a resposta é Cuba!

Tivemos a oportunidade de conhecer muitas escolas dos diversos níveis e modalidades de ensino, entre elas, escola rural, escolas especiais (dificuldade de aprendizagem, conduta, deficiências), escolas profissionalizantes, universidades, círculos infantis, escolas politécnicas, escolas de formação de professores e atividades educativas no Hospital Psiquiátrico de Havana.

Para nós, enquanto reflexão de grupo, a universalização da Educação é um valor, bem como, o caráter dado ao processo de formação de professores que se baseia nos ideias humanistas, na perspectiva do engajamento político-ideológico dos educadores e educadoras e na sua consciência histórica, isso tudo contemplado no sistema educacional cubano.

Nós, como educadoras, tivemos experiências tanto positivas quanto negativas ao conhecermos a Educação em Cuba, e vocês leitores e leitoras farão agora seus próprios exercícios de análise e reflexão para tirar suas próprias conclusões.

O que você acha de uma criança indisciplinada em sala de aula ter para ela uma escola, especialmente, para aprender regras de conduta? O que você acha de uma criança com dificuldades de aprendizagem ter uma escola, especialmente, para que essas dificuldades sejam trabalhadas? O que você acha das pessoas com tratamento psiquiátrico terem como prescrição médica aulas de teatro, artesanato, música, danças e esportes? O que você acha do currículo oficial conter práticas como agricultura?

Essas e muitas outras questões permearam e permeiam as nossas discussões sobre Cuba.

Assim, ao chegarmos ao Brasil começamos a conversar sobre a importância de socializarmos as informações e as pesquisas que cada uma de nós realizou. Pensamos em organizar um grupo de estudos sobre educação comparada e achamos pertinente organizar o material de que dispúnhamos (vídeos, fotos, textos, anotações de conferências, entre outras coisas) a fim de abrir um espaço de estudos e discussão.

Foi com esse intuito que escrevemos o projeto "Imagens de Cuba" (CICE/FCEx/USP), que o querido professor Marcos Ferreira, um "manate convicto da cultura lationamericana" aceitou orientar e que, portanto, ao ser aprovado, agora ganha corpo no conjunto de atividades do Ciclo de Debates "Imagens de Cuba" (2002), vídeo, exposição e o presente livro.

É o início de uma longa etapa, e esse é um pedaço de objetivo que começa a ser realizado. Vocês, queridos leitor e leitora, estão convidados a fazer parte desse grupo de pesquisa e reflexão permanente sobre Cuba.

Como dizia Che Guevara, "Hasta Siempre!"


Hoje, relendo esse texto me aproximo muito dessa época, meus 20 anos, e de meu grande entusiasmo em transformar o mundo e de uma tomada de consciência maior a respeito de como todas as coisas são cheias de beleza e de inevitáveis contradições. Uma época em que era tão menina e tão mulher. Hoje, continuo a mesma, em parte; em outra mudei bastante, naturalmente.

Que bom que vivi essa experiência com muita intensidade para ganhar maior dimensão de que as coisas são muito complexas, e por isso mesmo não devem ser julgadas precipitadamente. Lá, vi que a revolução cubana tem uma importância grande na vida daquela população como na de outros países, por diversas razões, e que ainda assim ela foi conservadora em vários aspectos como com a liberdade dos homossexuais. Nessa experiência, ganhei maior noção de que as relações humanas e tudo o que construímos a partir delas são o que importam. Lá, fiz grandes amigos, mais que isso, desenvolvi empatia para com o outro, tão diferente e tão semelhante de mim. A partir dela, desenvolvi maior serenidade diante da vida, de que escolho meu papel no mundo, ainda que as coisas não estejam o tempo todo ao meu controle. Lá, percebi o quanto a liberdade é preciosa e todos merecem tê-la, e por isso torci para que os cubanos e cubanas pudessem avançar nesse sentido - e nós também, pois compreendi que até quem a tem como direito assegurado, nem sempre a exerce plenamente. E acima de tudo, ainda que tenha mudado a minha opinião sobre um monte de assunto (ainda bem! Pois estou viva, em movimento!), mantive minha esperança de que um mundo mais humano - para todos, é possível.

Marili (em memória), Edna querida, Isis sumida e Andrea amada, saudades gigante! Que as nossas conquistas sejam sempre as mais belas e mais justas, como me escreveu um dia a Isis!

domingo, 6 de novembro de 2016

Aprendizados com outras culturas

Sou muito questionadora ao estilo de vida de outras culturas que as pessoas insistem em importar, sem reflexão e subestimando nossa cultura. Mas nessa vida tenho aprendido a não ser tão feroz nessas críticas quando se trata de ludicidade e de alargamento de nossos parâmetros culturais. Desses aprendizados que pelo menos no meu caso, vem da experiência materna.

Ser mãe me convoca a responsabilidade de fazer escolhas pelas minhas crianças até que elas possam fazê-las plenamente, responsabilizando-se por ela. Isso é autonomia, ter o poder de auto governar-se. Trata-se de uma construção, por isso desde pequenas algumas escolhas feitas diretamente rpecisam ser respeitadas e/ou colocadas para reflexão. E justamente nesse jogo sobre o que escolho e o que meus filhos me provocam de movimento, com suas questões diferentes das minhas, preciso fazer um exercício de ponderar. refletir sobre o que não abro mão e o que posso (e devo) felxibilizar, aprendendo com eles. Me dispondo a conhecer o mundo de outro jeito. A beleza de partilhar o mundo com alguém, que só reforça nosso vínculo uns com os outros e com a vida. Vida viva. E a cultura promove esses encontros: com o passado e o presente, entre diferentes regiões, para nos lembrar de nossa diversidade que precisa ser respeitada, ainda mais quando se trata de festas populares.

Assim, neste ano, frisando muito para as crianças que brincaríamos de algo de outra cultura (sem esperar que entendam isso nesse momento de suas vidas...) fomos a uma "Fiesta de los muertos" em homenagem à cultura mexicana que tem uma relação muito interessante com a vida e morte. Aqui, sugiro o filme "Festa no céu", é lindo e muito inspirador. Com um enredo muito bonito, ele conta dessa relação dos mexicanos com a morte. Enquanto os mortos são lembrados eles permanecem vivos, numa grande festa! Por isso a importância de festejarmos em suas homenagens. E que maravilha de festa! São Paulo é mesmo incrível pela sua diversidade.Imaginar que num evento você encontrará pessoas completamente mergulhadas na brincadeira, fantasiadas, animadas e desejosas de ousar viver de outra forma. Além dos sabores da comida, da música, da dança, a arte, sensacional!

Também topei entrar no convite das crianças de chegar em casa e enfeitar nossa casa de Halloween: fizeram desenhos incríveis, colocaram pela sala, na porta do lado de fora para assustar quem entrasse, resgatei uns tules e penduramos em tudo. Já fui questionada em fazer festa de pirata para meu filho e ter caveira nela, como um símbolo do mal, das trevas. respeito quem acredito nisso, mas lido com essas questões pelo lado lúdico, que ao meu ver, traz muita luz. Me encantei tanto pelo envolvimento deles que dei a ideia de passarmos pelos apartamentos para pedirmos doces. "Mas sem nem combinar com os moradores?", dirão alguns, "Que falta de educação", dirão outros, "Ninguém vai entender, porque não é da nossa cultura", ainda outros... Pois é, resolvi fazer tudo improvisado, mesmo sabendo que não era o melhor cenário, mas combinando muito com eles que alguns não teriam doce, alguns teriam mas não vão querer compartilhar, mas de verdade achei bacana eles se colocarem em interação. "mas no nosso prédio só tem pessoa mais velha, a gente nem tem contato", disse Luiz. Pois mais um motivo para fazermos movimento. Esse é o prédio deles, e a verdade é que eu e Luiz pouco temos investido nessa construção de relação com nossos vizinhos. senti ali uma possibilidade de avançarmos nesse sentido.

Chamamos a única criança que meus filhos conhecem no prédio e lá fomos animados, de porta em porta. E foi incrível! Me surpreendi com caras desconhecidas e muito simpáticas, que desde então viraram rostos conhecidos, com nomes e uma pequena história que começou a ser tramada. Eles ainda participaram da festa do prédio da tia, que por meio desse evento pela primeira vez conseguiu conhecer os vizinhos e todos estavam surpresos ao descobrir que naquele prédio havia tanta criança. Temos que pensar nisso, estamos num tempo vivendo em bolhas, com medo da violência, na correria, com pouca disposição a criar e manter relações, porque dão trabalho, ainda mais quando escancaram diferenças de pensamentos, e assim vamos ficando intolerantes, preguiçosos, com certeza em nossas certezas, superficiais, conformados com todo esse cenário, e tudo isso, não deixa de ser uma violência ao modo como vivemos. Tenho achado que em algumas situações, mesmo o pretexto sendo bobo para um evento, vale a pena para a possibilidade do encontro acontecer. E quando ele ocorre, ele nos transforma. Eu saí mexida dessas vivências, tanto que meus pequenos foram amais uma festa de Halloween organizada pelos amigos, e assim vamos aproveitando dessa grande oportunidade que é viver com o outro. Não é fácil. Mas ao meu ver, a vida só tem sentido assim. Junto.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Laura Maciel, Lira Motta, Beatriz Moraes, Francisco Alves, Luiz Henrique Parreira, Arthur Barbalho, Elomar Francischinelli: sejam bem-vindos!!!

Há tempos não passo por aqui...

Não sei bem porquê, uma vez que esse blog ainda tem muito sentido em minha experiência materna. Ao receber Mateus em meus braços, e depois Carol e Bebel, esse espaço me ajudou a elaborar tudo que estava sentindo, pensando, e assim, a me entender num novo lugar, construído por mim e não pré-definido por outros. Também me ajudou a respeitar meu tempo, a aceitar minhas estranhezas e minhas dificuldades, pedir ajuda, colocar limites como superar outros, me sentir pertencente a uma rede de mulheres, ter mais compaixão e maiores responsabilidades pela humanidade, criar laço afetivo com meu filho e com minha história.

E o que me traz de volta por aqui? Justamente a chegada desses pequenos seres que ressignificam nossas existências, e enchem essa vida, de todos nós, de luz e esperança. Toda vez que vejo uma mãe com seu bebê em seus braços fico imaginando tudo que se passa na cabeça e coração de ambos.

"Um menino nasceu. O mundo tornou a começar."
(Guimarães Rosa)


Laura Maciel: seja bem-vinda!!!
A Laura chegou para alegrar nosso dia a dia!!! Nos últimos meses, Teresa andava pela escola com sua barriga cada dia maior, compartilhando sua beleza, afeto e orgulho de seu corpo mudar para fazer caber mais gente querida nesse mundo e em sua família (que já tem a Malu, minha ex-aluna do coração). Por isso, minha alegria é grande pela chegada dessa menina a essa família especial! Te, parabéns! Que Laura seja a cereja do bolo de vocês! Aproveitem!

Lira Motta: seja bem-vinda!!!
Outra que preenchia meus olhos pela escola, mas depois não acompanhei o fim da gestação e só recentemente me deparei com uma foto incrível de uma bebê, com pose de menina morena de olhos d'água, foi a Ana, agora mãe da Lira. Parabéns, querida! Aproveite dessa aventura da maternagem com todas as belezas e contradições que fazem parte dela. Saudades.

Beatriz Moraes: seja bem-vinda!!!
Muitas 'Beatriz' já passaram por aqui (adoro!), mas nunca uma que faz parte de uma família de urso. Prima querida, parabéns pelo nascimento da filhota. Acho lindo o jeito a que se referem a vocês mesmos: uma família de ursos- que já diz de quanto afeto tem por aí. Débora, Edson e Beatriz, que a vida proporcione muitos abraços de urso a vocês! Um dia, quero poder dar o meu na pequena.

Francisco Alves: seja bem-vindo!!!
Mais gente querida chegou na família, é Franscico!!! Um menino no meio de uma mulherada forte e linda - que eu adoro muito!!! O baly Fran terá muito modelo bacana para se inspirar. Parabéns Tamira, que seu pequeno tenha uma infância bem animada como a que tivemos. Algum dia desses o leve para Jambeiro para escorregar no morro como fazíamos!

Luiz Henrique: seja bem-vindo!!!
E a família continua aumentando, dessa vez do lado de meu pai. Luiz Henrique chegou, filho da Vanessa, prima querida e afilhada de meus pais! Toda felicidade do mundo pra vocês. Quem sabe a gente um dia não faz as malas, pega o carro e viaja até aí como um dia já fizemos na nossa infância e que foi tão bom... Beijo em todos vocês.

Arthur Barbalho: seja bem-vindo!!!
Arthur é filho da Carol, amigona de muitas amigonas. Desejo toda a felicidade do mundo a vocês! Que a vida continue sendo uma festa e Arthur possa ser seu grande parceiro nela!

Elomar Francischinelli: seja bem-vindo!!!
Elomar é filho da Gabi. Já faz tempo só a vejo via facebook, mas é sempre uma alegria entrar em contato com suas reflexões e encantamentos, ainda mais quando tem a ver com seus filhos. Gente alto-astral, educadora comprometida, que faz o bem, e faz bem de ver. Beijo grande, felicidades mil!


Esqueci de alguém??? Medo...


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

4 anos de minhas meninas

"A vida é muito importante para ser levada a sério." (Oscar Wilde) ❤️ 4 anos de risadas deliciosas, 4 anos de aprendizados, 4 anos de que nada sei, 4 anos de que podemos tudo, 4 anos de vida com maior sentido, 4 anos de novos questionamentos, 4 anos em suspenso, 4 anos seguindo em frente, 4 anos bem vividos, 4 anos de gratidão, 4 anos que me enchem de esperança neste mundão cheio de contradições. 4 anos em construção... Dos próximos que virão - e no que depender de mim, numa democracia.

Carolina e Isabel, toda felicidade pra vocês.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Escola sem partido - vote contra

Esse projeto que tramita por aí "Escola sem partido" encabeçado pelo Alexandre Frota e sua galera nada entendida de educação (socorro!) não quer dizer exatamente sem partido na escola, uma vez que realmente a escola precisa ser apartidária. Mas quer dizer escola sem ideologia, e nesse sentido, não existe neutralidade política. Buscar neutralidade já é um posicionamento. Esclarecendo, mais uma vez, ter ideologia não significa ter partido, e sim posições políticas como, por exemplo, a escola ser a favor do respeito às diferenças de pensamentos e às igualdades de direitos.

Uma escola que em seu projeto político-pedagógico e em seu cotidiano não se coloca comprometida com o desenvolvimento de atitudes colaborativas e éticas de seus alunos e alunas para com a manutenção e a melhoria de nossa vida em comum então, sinceramente, fecha as portas dessa escola. Afinal, de que uma escola serve se não for para instigar as crianças e jovens a buscarem formas mais justas, humanas e respeitosas de convivermos, isto é, para ensinar que outro mundo é possível?

Para mim essa é a única razão de escola existir.

Segue vídeo de Leandro Karnal. Ele explica melhor..



Está acontecendo uma Consulta Pública a respeito. Vote contra, essa é uma questão muito séria.

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=125666

Figurinhas das Olimpíadas

Adoro o clima de Olimpíadas!

Ver um monte de gente diferente do mundo todo reunida, por si só, já me parece um grande motivo para celebrar! Em torno ainda o esporte, melhor ainda. Gente que batalha, que se arrisca, que se supera e nos mostra como o horizonte é sempre maior do que podemos ver.

Sem grandes ilusões, sabemos que vida de atleta muitas vezes não é nada saudável, que a competição entre os atletas muitas vezes não é nada amigável e que os interesses políticos e econômicos muitas vezes se sobrepõem aos valores éticos. Ainda assim acho que ao vivermos esse tipo de experiência poderemos aprender a fazer melhores escolhas que visam o bem comum. Nesse sentido, também acho que se nossos governantes não fossem corruptos não precisaríamos viver dilemas como Olimpíadas ou educação/saúde etc., uma vez que tudo nos isso nos interessa, e merecemos tudo.

Não acho que conseguirei ir a algum evento, mas mesmo de longe ficarei na torcida para que a Festa do Esporte seja linda como também ficarei na cobrança para que as promessas feitas sejam cumpridas - tal qual meu amigo Gabriel Passetti...

"Foi muito comum ouvir nos últimos 6 anos aquele clássico discurso "obra pública no Brasil sempre é concluída na correria" e os maiores exemplos apareceram na Copa e nas Olimpíadas. Claro que este discurso sempre teve a origem naquela velha máximo da "eficiência da iniciativa privada".
Pois bem, colado ao Campo de Golfe Olímpico fica o "Vogue Square Life Experience", complexo com 33 mil m²: hotel com 222 suítes, centenas de salas comerciais, centro de convenções e um "mall gastronômico gourmet com mais de 100 marcas prêmium do mundo".

A pergunta é: está pronto? Não. Prometido para dezembro do ano passado, está a maior correria por lá. Enquanto isso, estádios, arenas, etc estão prontos.
Moral da história: obra sempre demora mais e sai mais cara. Seja do Estado, seja do capitalista, seja na sua casa."

Aqui em casa, resolvi comprar o álbum para colecionar com as crianças e está sendo muito legal! Pena que estamos em época de férias escolares e não temos podido trocar com os colegas, mas tudo o que estamos vivendo nesse sentido tem sido com muito interessante - desde os combinados sobre a compra de figurinhas, a contagem das moedas para a compra, as trocas com os  primos, a colagem em si a partir da ordenação dos números, as tentativas de leitura dos nomes e esportes e a tomada de conhecimento  sobre os atletas, esportes e curiosidades do evento.

Confesso que na hora de comprar ou não na banca, fiquei receosa se valia a pena embarcar nessa aventura, mas ao prestar atenção na capa com fotos de um homem, uma mulher e um atleta paraolímpico as dúvidas se dissiparam... E grata surpresa ao verificar que dentro do álbum os editores buscaram mesmo uma mesma medida aos atletas olímpicos masculinos, femininos e paraolímpicos, o que tem feito Mateus referir-se igualmente aos campeões olímpicos ou paraolímpicos, por exemplo, igualmente - como tem de ser. Emocionante também tem sido ver Mateus e as meninas interessadas em saber mais sobre cada esporte, experimentando as diferentes modalidades em seus corpos desejosos de explorações. Entrar em contato com as histórias dos atletas sobre esforço, treino, processo, espírito de equipe, vitórias e derrotas, certamente serão ótimas referências em suas trajetórias a respeito do valor de cada um desses aspectos. Nessas conversas, uma situação muito bacana que vivemos foi contar a eles que conhecemos uma competidora do salto com vara, a Joana Costa. Eles mal acreditaram. Outra situação bacana vivida foi quando fomos ao circo, e ao ver as "dançarinas dos céus" Mateus não se conformou ao saber que elas não estariam nas Olimpíadas "mas elas são tão boas". Do mesmo modo como eu não me conformei ainda com a história da morte por militares de uma onça-pintada. A cena de Mateus aos berros de felicidade porque ganhou a figurinha dessa nossa mascote me doeu muito. Tive vontade de rasgar o álbum e denunciar a ele todo abuso que acontece nos bastidores e às vezes até mesmo na frente de todos, como foi o caso. Mas me segurei. Não quero criar filho sem esperança de que as coisas podem ser diferentes e mudar para melhor.

Minha torcida maior é sempre para isso. Por tempos mais humanos. Que as Olimpíadas nos ajude nessa direção.

Outros relatos: Leka

Segue uma reflexão de minha amiga Leka sobre algumas questões sérias e urgentes de nossa sociedade que pedem nossa coerência e posicionamento.


Como mãe e professora tenho refletido muito sobre nossa sociedade e qual é nosso papel diante dos tempos em que vivemos. Em um momento em que o certo e o errado, o justo e o injusto parecem cada vez mais difíceis de serem definidos, penso ser o instante em que cada um de nós faz a diferença. 


Recentemente assisti aos documentários "O Começo da Vida" e "The Kids Menu" (Disponíveis no Netflix. Super recomendo ambos!), que fizeram-me refletir ainda mais sobre o que é educar para a vida, para o mundo. Se por um lado "é preciso um povoado para fazer dar certo", por outro "se você cuidar das pequenas coisas, as grandes se resolverão sozinhas". Dessa forma, fico pensando o quanto não é suficiente que em minha casa uma alimentação mais saudável seja uma premissa, se na maioria das outras famílias não for, por exemplo.

Outro dia participei de uma palestra com os profissionais do Alimentamente, na qual pudemos refletir bastante sobre a formação de hábitos e a importância de "tudo começar por nós". Precisamos pensar no ato de consumir como uma força política. Teremos maior oferta de alimentos orgânicos, frescos e mais saudáveis, a medida que nós, os consumidores, exigirmos isso do mercado. Essa exigência começa pela escolha do que comprar. Comprar alimentos pelo que são e não pelo que sua embalagem representa. Qual sua origem? Quanto de lixo suas embalagens vão produzir? Quais os ingredientes que o compõe?

Em uma sociedade cada vez mais individualista, pensar que, como vivemos em comunidade, não basta que meus filhos sejam educados e alimentem-se bem, por exemplo. Eles viverão e crescerão cercados de outras pessoas e quanto mais bacanas e saudáveis elas forem, melhor será para todos.

Um pequeno, mas grande passo para as mudanças está na alimentação. Fazemos pelo menos 4 refeições ao dia e quanto mais as crianças estiverem implicadas nisso, melhor para todos, não?

"Uma criança, uma família, uma comunidade...", quanto mais pensarmos em rede e acreditarmos na potência de nossas crianças, acredito, teremos uma sociedade mais feliz, saudável e justa.

domingo, 17 de julho de 2016

Clara Sayuri: seja bem-vinda!!!

Nasceu mais uma pequena: a Clara, filha da Erika e do Rodrigo, viva!

Erika e Rodrigo, certamente essa chegada vai trazer muitas mudanças, correrias, incertezas e muito, muito amor. Aproveitem bastante esse momento e essas novas relações que estão sendo construídas e qualquer coisa podem gritar que estaremos disponíveis a ajudar no que for possível.

Beijo grande, meu, de cada um aqui de casa e dessa grande cantora de mesmo nome... Para vocês dois e, claro, para Clara, essa pequena guerreira...



domingo, 19 de junho de 2016

Eu me ensino aprendendo com eles...

Outro dia aqui em casa, Mateus estava em busca de um meião limpo para usar. Como não encontrávamos lhe perguntei o motivo de tanta preocupação. "Ah, mãe, é que lá na escola a gente gosta de fazer a turma do meião". Num misto de sentimentos de achar uma fofura essa identidade da turma e ao mesmo tempo preocupação com o que esse tipo de acordo pode gerar: uma rigidez nas relações e consequentemente exclusões, eu retruquei: "Pôxa, legal essa turma! Mas nós não estamos achando o meião e você vai ter de encontrar um outro jeito de participar dela!". Mateus insiste: "Mas mãe, vamos continuar procurando, porque quem procura acha. E também eu gosto mesmo de usar meião, porque eu gosto de usar short. E se não tiver meião você não vai deixar eu ir de shorts no frio."

Procuramos mais um tempo pelo dito cujo, em meio aos meus pensamentos ainda divididos... Uma parte de mim torcia para que o encontrássemos para que fizesse parte da tal turma e não fosse necessário um duelo por causa do shorts e ao mesmo tempo outra parte torcia pelo não encontro, justamente para que tivessemos a oportunidade de enfrentar juntos e de um jeito positivo todas aquelas nossas questões - tão simples e tão complexas de nossas relações diárias. O destino resolveu o impasse e encontramos o meião.

Mateus o colocou feliz, e como ganhamos um tempo em nossa correria para ir à escola por causa da ausência do duelo do shorts então continuei aquela conversa:

- Mas Mateus, me conta como vocês fazem com quem não vai de meião... Você mesmo, hoje quase não foi...
Do alto dos seus 5 anos, ele me responde:
- A gente combinou de ir, porque a gente gosta, mas quem quiser ficar junto, a gente pensa em outra coisa que a gente tem de parecido. Pode ser a turma do azul.
- Que legal, meu filho. Então vocês vão encontrar um jeito de todo mundo participar. Isso não é fácil, mas fico tão, tão feliz que vocês estejam tentando! Acho mesmo que se vocês procurarem bem vão achar algo parecido entre vocês. Mas se por acaso, não acharem, como vão fazer? Quer dizer, e se não der para fazer a turma do azul?
- Ah, mãe, daí a a gente faz a turma do colorido!
(silêncio, abraços, risos e choros, de minha parte, claro, porque ele não entendeu minha reação e logo me apressou para sairmos de casa... Ele tinha uma tarde inteira a explorar na escola!).

Longe de pensar que essa atitude se restringe ao meu filho e me iludir de que sempre ele conseguirá ter atitudes respeitosas como essa, quero pensar de forma ampla...

Quando as crianças participam de um ambiente afetivo com constantes referências cuidadosas, elas são capazes de desenvolver uma capacidade agregadora que cada vez mais temos percebido o quanto é inata aos seres humanos. Essa cena é mais um exemplo de como essa criançada já vem experimentando relações que agregam... E com isso meu coração se enche de emoção e esperança!

"Eu me ensino aprendendo com eles." (desconhecido)



Cá entre nós, pode lindeza maior nessa vida? Pensar que nosso mundo pode ser diferente, com gente que se importa com o outro, que se cuida, que se ama e principalmente, onde todo mundo cabe.

Faz uma semana que no dia do "amor" 50 pessoas em Orlando morreram por falta dele.
No mundo todo, diariamente pessoas morrem, de diferentes jeitos, mas pela mesma razão.

É urgente pensarmos e agirmos a esse respeito. Ontem vi a imagem do primeiro ministro canadense beijando outro homem como protesto ao ocorrido em Orlando. Outro gesto simbólico, ainda mais vinda de um político! Que isso possa nos inspirar que essas autoridades se coloquem a respeito.

Precisamos, tanto no plano macro como no micro, recolher mais cenas assim, afetivas, integradoras, respeitosas e transformadoras para nos enchermos de disposição para enfrentarmos com muita ética essas questões postas em nossas relações diariamente.

Hoje, mais do que nunca, me sinto a voz dessa criançada que pede um mundo mais amoroso e muito colorido! Elas merecem e o mundo agradece.

"Eu tô pela revolução que ainda falta que é a revolução das crianças". (Lydia Hortélio)


sábado, 11 de junho de 2016

Nara: seja bem-vinda!!!

Há uma semana atrás nascia Nara, a mais nova integrante da turma das Perukas. Filha de minha amada amiga Andrea e seu maridão Marcelo, a Nara é uma menina sortuda que certamente vai trazer muito afeto a toda essa família e ao nosso círculo de amizades.

Estamos muito contentes e emocionados com essa chegada, e claro, muito desejosos de atravessar quilômetros de estrada para conhecê-la. Enquanto isso não acontece a gente fica por aqui emanando boas energias para ela e para a nova mamãe e papai, no meu caso, por meio de rabiscos...

DESEJOS

Nara querida,
desejo que sua vida seja repleta de alegria.
E de amendoim, sorvete, pipoca e pão de queijo.
Fazenda, praia, piscina, quintal e rua.
Pega-pega, esconde-esconde, amarelinha e bambolê.

Mais que isso, espero que desfrute de toda sua família,
do afeto os seus pais e do colinho dos avós.
Dos amigos que vai construir e da bagunça que vão fazer.

Juntos, vocês se sentirão mais fortes
para experimentar todos os desafios e delícias dessa vida.
Tal como seu pai e sua mãe se sentiram no dia do seu nascimento.
Foi difícil. Sua mãe ficou horas em trabalho de parto. Seu pai ficou ansioso.
Mas valeu a pena! Você nasceu linda e saudável,
e um deu força para o outro até todos ficarem bem.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo que nos momentos difíceis você perceba que tem com quem contar,
que seu pai é ponta firme e sua mãe uma grande mulher.
O que não quer dizer que sejam perfeitos, pois isso não existem,
mas eles farão o que melhor que puderem como seus pais. Então retomando...
seu pai é ponta firme e sua mãe uma grande mulher. E isso é muito. Acredite!

Mais que isso, sua mãe é uma super companheira:
com ela ao seu lado, você seguirá pelos melhores caminhos...
Ela sabe planejar ótimas listas inúteis,
pois por mais que como boa virginiana tente controlar tudo,
ela se atrapalha, se perde e se rende ao inesperado e às boas surpresas da vida.

Juntas, darão boas risadas do seu jeito sonsin.
Sim, talvez você fique incomodada com as indecisões dela,
Mas veja o lado bom... Se por acaso vocês se verem em Apuros,
sua mãe saberá pedir Socorro!
Um dia ela te contará essa e outras histórias,
e mais uma vez, darão risadas ao final!

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo que sua vida seja repleta de aventuras.
Que vocês possam viajar a muitos lugares: Jambeiro, Cuba, Guarda, França,
e juntas, descobrir o mundo.
Com ela ao seu lado, sua bagagem ficará cheia de histórias...
E de fotos com poses, prepare-se para os micos que ela vai te fazer pagar!

Mais que isso, espero que também viajem muito aqui para São Paulo,
para visitar as amigas da mamãe...
Para que eu possa desfrutar da companhia dela, do seu pai e agora sua,
e em cada gesto, palavra e cena eu possa conhecer do jeito dela em você e vice-versa.

Junto com nossos filhos, vocês poderão se divertir
e construir mais uma geração de amizade.
E a vida poderá tomar sua forma circular, de roda viva, que vai e volta
sem perder jamais aquilo que importa.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo uma vida repleta de amor.
Que no dia a dia das relações vocês formem uma família unida,
o que não significa sem desavenças, sem cansaços e sem erros.
Mas um desejo inexplicável de experimentar a vida em conjunto,
lidando e transformando todos os desafios em oportunidades.

Mais que isso, que você possa se inspirar na história de amor
construída por seu pai e sua mãe.
Dois meninos quando se conheceram...
Uma vida pela frente que descobriram ser melhor vivida, a dois...
e agora a três, com você!

Juntos, vocês experimentarão a beleza de rir e chorar com quem nos importamos.
O prazer de cuidar e ser cuidado, amar e ser amado.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
algo me diz que sua vida será muito boa.
E a de sua mãe e seu pai também!
Aproveitem!!!

quinta-feira, 26 de maio de 2016

A luta da Cultura, da Educação, das Mulheres, das Crianças, da Humanidade

Primeira cena descrita por mim, ainda num sonho...



Carol me acordou: " mãe, conta essa história pra mim?" Ainda sonada, respondi: " vai vendo o livro que eu já conto..." E ela: "mas mãe, eu não sei ver melhor, eu não sei ler!" Morri... ❤️ Minha menina de 3 anos já sabe que ler possibilita ver além!

A cultura diz do modo como vemos nós mesmos, o outro, o mundo, a vida. Se com olhos amorosos ou não. Carol, ao reivindicar com força e paixão por seu direito a pertencer à nossa cultura para qualificar suas experiências, me encheu de esperanças.
"Educação sem cultura é ensino. Saúde sem educação é remediação. Segurança sem cultura é repressão. Economia sem cultura é acumulação. Comunicação sem cultura é manipulação." (Jéferson Assumção)

Neste cenário atual, a luta é pela volta do Ministério da Cultura - que como parte do sistema político também pede reformas urgentes, e principalmente por uma cultura numa perspectiva de desenvolvimento social e econômico com ética e humanidade.
E vamos aproveitar a Virada Cultural de SP.


Segunda cena descrita por Luiz que me enche de orgulho...



Mateus está ensinando as irmãs a escreverem seus nomes... "Pai, a Carolina já sabe fazer a letra A!!!". Quase morri... Sempre lembrando a importância da cultura...



Terceira cena que até agora me parece piada (de mau gosto, claro)...

Alexandre Frota dando sugestões no Ministério da Educação?! Não consigo digerir.

O cara já confessou em redes sociais ter estuprado uma moça inconsciente... Justo num dia que uma moça foi estuprada por 30 homens! Pelo fim da cultura do estupro. Essa cultura não me interessa, ela revela uma das mais antigas de relação de poder que ainda existe em nossa sociedade.

E a proposta dele é por menos ideologia em escola? Neutralidade nesse caso é passividade, o que permite a banalização de violências como essa. Professores não poderão ensinar às meninas que elas nunca são vítimas quando se trata de estupro. Não é o tamanho da saia que estupra. Não é horário que estupra. Quem estupra é estuprador como o tal que agora quer palpitar numa questão séria que ele não entende nada. Mas ele é homem, né? E não tem nenhuma mulher no Ministério... Aff!

Por mais respeito com a educação! Por mais respeito com as mulheres! Por mais respeito com nossas crianças e jovens! Por uma sociedade mais humana. Por mais jovens como os que estão lutando em defesa de suas escolas, eles sim me enchem de esperança e não se calam!

Pois hoje grito muito: "não foram 30 contra uma, foram 30 contra todas!"

Caras como Frota, Cunha e Feliciano que pretendem criminalizar jovens estupradas que tiverem o filho do agressor, Bolsonaro que fez homenagem a torturador que colocou ratos em vaginas de mulheres, essa mídia que acoberta essas ações minimizando os efeitos desse crime com palavras amenas ou quem desfrutou das imagens da menina sendo violentada por 30 homens nas redes sociais ou ainda os homens que mencionados na cena a seguir, não terão mais vez.


Quarta cena descrita por Débora Queiroz, na ficção mais verídica que já vi (via facebook)...



30
Foi atrás do vídeo 31
Acredita que a vítima provocou isso, por estar bêbada 32
Afirma que "mas nem todo homem é assim" 33
Diz pra sua filha sentar como mocinha 34
Acha que mulher tem que se dar ao valor 35
Compartilha foto de mulher pelada, sem autorização dela, no whats 36
Ri das piadas machistas e permanece no grupo machista de amigos do whats, pra "não ficar chato" 37
Consome pornografia tradicional que só reforça a submissão feminina 38
Fala pro seu filho que ele é homem, então ele pode 39
Obriga sua namorada a transar sem estar afim, mesmo que usando só pressão verbal 40
Chama de "puta" ou "vadia" quando fica bravo com uma mulher 41
Acredita que beijo roubado é mais gostoso 42
Não foram só 30. E eu poderia facilmente chegar a cem, mas meu filho acordou, e eu cuido dele sozinha. 43


Quinta cena descrita por Débora Negreiros que me enche de esperança (via facebook):


Conversando sobre o que significam os direitos das pessoas, em especial das crianças, uma aluna diz assim:
- Sabia que muito antigamente as meninas não podiam ir para a escola para estudar?

Pegas de surpresa, algumas crianças não acreditam nessa informação, e outras nos perguntam por quê. Ao que outra menina responde/pergunta assim:
- É porque elas já eram muito espertas?

E pronto. É por isso que a gente precisa de feminismo. Pra que algum dia todas essas lutas bestas que a gente passa hoje nem entrem na cabeça das crianças, e quando elas tentarem entender, vão achar algum motivo de deixar os adultos de queixo caído!

Tomás: seja bem-vindo!!!

"Pois de amor andamos todos precisados! Em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente! Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando." (Drummond)

Mais um nascimento me enche de alegria e esperança: Tomás, filho de minha amada Silvia e meu amigo Carlão. Hoje é um dia de festa nessa família pra lá de especial e também em nossas relações de amizades, estamos todos muito emocionados!!! E tudo indica que nasceu no mesmo dia do rafael, filho da querida Ivana, sua super amiga...

"A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas" (Drummond)

Sil é uma grande amiga da minha vida: da Pedagogia, do trabalho, de muitos laços em comum (com a ressalva que me apresentou Luiz), de bagunças, projetos, sonhos e agora, filhos.

Meu trio passou o dia querendo ver a fotinho do Tomás lindão com sua mamãe, a SilSil como eles a chamam e estão, como eu e Luiz, desejosos de conhecer a carinha dessa pessoa que agora faz parte de toda essa trama de laços afetivos.

"Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamento vários". (Drummond)

Desde que virei mãe, toda vez que tomo conhecimento de um nascimento fico imaginando a emoção da mãe e do pai ao receberem seu bebê no colo. É uma emoção intensa, subjetiva composta por uma miscelânea de sentimentos: alegria, amor, preenchimento, sintonia, dor, medo, vazio, estranhamento...

"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata." (Drummond)

Uma emoção única: de um segundo para o outro o bebê nasce e passamos a nos relacionar diretamente com ele olhando em seus olhinhos, sentindo seu cheirinho, carregando-o em nossos braços, conhecendo suas expressões, seu jeito, ouvindo sua voz... Num encontro abençoado, surpreendente e inexplicável ao percebermos que o bebê já nos conhece... Ele chora e vai ao nosso colo e se acalma...

Como explicar isso? Como não se encantar com esses mistérios de nossas relações assim como com a mãe e pai adotivos que do mesmo modo constroem fortes vínculos? Como não agradecer a oportunidade de experimentar essa relação de afeto? Como não nos amedrontarmos com toda a responsabilidade que vem junto a essa percepção? Como não nos encorajarmos a ser melhor, cada vez mais, para estarmos à altura desse presente? Como nos perdoar pelas bobagens que fazemos nesse processo? Como não nos divertirmos com as bobagens que as crianças farão por toda a vida?

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo." (Drummond)

Em meu processo eterno de aprender a ser mãe (dos meus filhos, claro, uma vez que aprendemos ao nos relacionarmos) tenho cultivado muito mais dúvidas do que certezas. De uma coisa é certa: crianças precisam ser amadas e valorizadas, de alguns limites amorosos e coerentes, de transgressões saudáveis que colocam a todos nós no movimento incontrolável da vida, de terem suas infâncias respeitadas na simplicidade do cotidiano.

Meus queridos, sei que vocês serão pais sensacionais!

"O Brasil não irá crescer enquanto os homens de terno agirem cada vez mais como crianças, e as crianças com uniformes querendo agir como adultos de terno cada vez mais cedo". (Drummond)

Sil e Carlão, desejo tudo de maravilhoso nessa nova caminhada! Contem conosco ao lado de vocês para acompanhar o crescimento de Tomás e compartilhar os choros e risos dessa vida, como sempre.

"DESEJOS

Desejos a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
crônica do Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música do Tom e letra do Chico
Frango caipira em pensão no interior
Ouvir uma palavra amável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como uma criança

Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal

Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção

Queijo com goiabada
Pôr-no-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria

Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona

Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu."

(Drummond)

Pietro, Benício, Tarun, Elisa, Stella e Joaquim: sejam bem-vindos!!!

Outro dia na escola fui conversar com uma turma de alunos sobre minha experiência como blogueira, uma vez que eles vão se arriscar também nesse sentido. Foi bem interessante resgatar o nascimento deste blog...

Mateus tinha 3 meses, fui a uma consulta pediátrica, onde só chorei. Mateus nasceu lindo e saudável, o amei loucamente no primeiro instante, Luiz vinha sendo um pai super presente, nossos familiares nos apoiavam. Por outro lado, as mudanças foram profundas na alma, deixar de ser só filha para ser mãe, ouvir tanta crítica, sentir-me tão insegura, frágil, a licença maternidade que estava acabando, a volta ao trabalho que tanto amava, mas que naquele momento parecia não caber dentro de mim.

A verdade é que aquele amor ainda não cabia dentro de mim, tudo em mim estava sem lugar, em suspenso...

Tanto amor, tanta dor.
Tanta coragem, tanto medo.
Tanta força, tanta fragilidade.
Tanto aprendizado, tanta insegurança.
Tanta transformação, tanta resistência.
Tanto riso, tanto choro.
Tão eu, tão outra de mim.

Foi naquele momento que percebi como precisava de ajuda. Escrever sempre foi uma forma de expressão importante em minha trajetória, por isso naturalmente me vi escrevendo loucamente. E qual minha surpresa quando me dei conta dos efeitos que minhas palavras causavam nas pessoas, já que falava de minha experiência subjetiva com a maternidade, contudo, de alguma forma falando de sentimentos que todas mulheres sentem nesses momentos, ou ainda que não os mesmos, mas parecidos no sentido de precisarem de um tempo para se reencontrarem, diferentes e assim conseguirem se encontrar com os filhos, os companheiros, o trabalho, o mundo.

A maior delícia de todas, que é ter um filho ou uma filha (quando se deseja e tem apoio de toda comunidade), não poderia vir sem dificuldades que dizem respeito às transformações que passamos. Poucas certezas me cercam na vida, uma delas: um filho nunca é só da mãe, mas de toda uma comunidade. Quando uma mãe é omissa constantemente tem uma comunidade que também o é com ela e seu filho.

A rede de mães que se formou em torno de mim foi salvadora de minha saúde. Consegui me libertar sendo mãe ao invés de me aprisionar como acontecem com muitas mães sem apoio. Serei grata eternamente, e desde então sinto-me responsável ainda mais pelas mulheres do mundo. Ser mãe me reconectou a todas nossas antepassadas, a toda uma história de luta de cada mulher e de todas elas. Sou parte dessa história e construo história cotidianamente por nossa liberdade.

Toda essa rede me fortaleceu e nesse processo, comigo me conhecendo mais como mãe de Mateus e depois minhas meninas Carolina e Isabel e conhecendo cada um deles, esse blog inevitavelmente se transformou. Se antes precisava falar das gracinhas dos filhotes e de minhas crises iniciais, agora tenho sentido necessidade de compartilhar da beleza e desafios de ser mães nesses tempos contemporâneos.

Agora, na correria da vida e em privilegiar meus momentos com meus filhos e no trabalho acabo escrevendo pouco nesse espaço como se precisasse de inspirações ou indignações. Hoje, são as inspirações que me chamam até aqui: os muitos nascimentos de bebês fofos que preenchem minha vida de sentido de que esse mundo vale muito a pena e, claro, os muitos nascimentos de mamães, para mantermos viva nossa rede de afeto.


Pietro: seja bem-vindo!!!

Nasceu Pietro, filho de minha querida amiga Edna, e para ambos desejo tudo de maravilhoso! Edna é uma mulher guerreira que pariu ao mesmo tempo Pietro e sua tese de doutorado. Linda, sabida e divertida, morro de saudades de nossas discussões e aventuras. Que esse novo caminho possa, quem sabe, nos conectar ainda mais.

Benício e Tarun: sejam bem-vindos!!!
Os dois fofuchos são filhos do Rapha, irmão de minha grande amiga Leka. Desejo muita luz, sabedoria e alegria a todos vocês. As crianças sempre são um presente que devemos aproveitar!

Elisa: seja bem-vinda!!!

Nasceu Elisa, filha da Flor, do Gui e irmã do Miguelito, uma menina sortuda que nasceu numa família recheada de afeto!!! Toda a felicidade do mundo pra vocês!

Stella: seja bem-vinda!!!
Nasceu Stella, filha da querida Camila e seu marido. Pelas fotinhas que vi achei a pequena linda tal como a mãe. Desejo tudo de maravilhoso a essa família que desde a gestação vem se definindo como 'somos três', já num exercício de se preparar para a chegada de um ser que ilumina as relações.

Joaquim: seja bem-vindo!!!
Joaquim é filho da Juliana e de seu marido, e também é uma belezinha pelas fotos que eu vi. Ju é outra linda que certamente vai se aproveitar das belezas que vêm junto com as transformações da maternidade. Compartilho aqui o vídeo que a emocionou um pouquinho antes de virar mãe...










Uma viagem na viagem em Reggio Emilia

Sabe quando metade de você quer uma coisa e a outra não? Sabe quando depois a metade que queria fica receosa e a outra que não queria passa a querer isso mais do que tudo? Sabe quando está prestes a realizar um sonho antigo que dá medo justamente porque sabe que a partir de então as coisas vão mudar? No momento me sinto assim... Com minha humanidade aflorada em todos meus sentidos rumo a novas experiências! Nesta viagem, levo e deixo o melhor de mim.



A viagem começou... Conexão em Londres. Me animei em comprar uma lembrancinha bem singela, do tamanho de minha passagem por essa cidade. Dentre muitas opções esteriotipadas me encantei por uma caneta. Na hora de pagar me atrapalhei na máquina, e me sentindo uma tola fui pagar do modo tradicional. Foi quando me senti ainda mais tola ao me ver com um monte de libras que não usaria. Ao desfazer a confusão vi que acabei perdendo dinheiro (justo ele que nunca para na carteira). Mas ainda bem a vida não se baseia só na economia! Foi o que pensei quando me acalmei, porque "na cotação da vida eu ganhei". Afinal, eu queria uma lembrança desse momento e nunca esta vem pelo objeto por si só, mas pelas histórias que eles carregam. São as narrativas que construímos que dão sentido às nossas vidas. E para minha alegria, a caneta coube certinho no caderninho que ganhei da Andrea. É certo: ao final voltarei com o caderno cheio e a alma leve.
PS: esse acontecimento me lembrou do filme "o contador de histórias", recomendo!




E cheguei à Itália! Ainda não acredito que não se trata de um sonho... Confesso que na hora de pisar o chão pela primeira vez deu até vontade de beijá-lo tal como faz o papa - esse fofo que acolhe a todos, sendo ou não católicos. Ao invés disso, chorei de emoção e aos poucos percebi que meu frio na barriga passou, deixando minha barriga vazia. E talvez justamente por conta dessa ausência do medo logo senti uma fome... Uma fome imensa de mundo! Como boa taurina, em geral, funciono assim diante de mudanças para depois conseguir desfrutar delas. Quase um ritual de passagem: respeitando meu ritmo e contando com apoio procuro me esvaziar (um tanto) para fazer caber as novas experiências e ter fôlego de digerir os novos assombros gerados a cada novo encontro. Hoje, vivi um dia intenso nos museus (onde reencontrei obras que ajudaram a me formar) e parques (onde vi muitos italianos usufruindo de sua cidade com maior engajamento e outros passando necessidades - as coisas estão difíceis pra maioria dos países). No fim, participei de uma manifestação, pelo tanto que me senti envolvida, afinal somos todos a favor da ideia de família diversa tendo em comum o amor.




E ontem ainda teve tango! Pensa na cena: você está numa praça, já começando a pensar em ir embora porque está com frio e cansada e de repente uns senhores e umas senhoras, todos super em forma, começam a dançar tango com umas máscaras de lobo e isso vai chamando a atenção de todos que se juntam. Logo, velhos e jovens, homens e mulheres, arrumados e desencantados estão dançando com o maior deleite! Surtei. Só não dancei junto porque era tango... Rs Depois de um tempo ainda contaram que a máscara é uma forma de protesto a uma lei que está para ser aprovada e que pode colocar os lobos em risco de extinção. Sensacional! Dormi nos céus! E como dormi!!!! Perdi o café da manhã até... Rs e também me perdi do mundo, pois passei o dia desconectada... Computador não cabia na tomada, arrebentei fio do celular, no trem sem Wi-Fi livre e no hotel em Reggio (sim, cheguei!!!) a internet com problemas. Achei fofo algumas pessoas me cobrando mais histórias...Rs. Acho que foi um sinal para eu me desligar e me concentrar no que estou vivendo, em como essa experiência é única e não vale a pena perder nada! Amanhã começa o curso em Reggio e conforme for possível dou notícias, certamente outras muito sensacionais!




Um brinde de Spritz ao afastamento de Cunha! Que caiam outros! Tim tim.




É hoje a estreia do maravilhoso filme "o começo da vida", que por meio de imagens e histórias emocionantes aflora nossa humanidade. Luiz e minhas meninas participaram desse projeto. Foi uma participação pontual, uma tarde no parque que resultou em três tomadas rápidas, mas suficiente para nos deixar orgulhosos por ser parte de um filme que valoriza a infância. Neste momento, tão longe de meus filhotes e meus alunos e alunas a saudade fica ainda maior. Um oceano nos separa. Por outro lado, estar numa cidade que valoriza a infância me faz sentir totalmente mergulhada... Na infância, no humano, no belo, no ético, na vida, na poesia, na história... Sobre Reggio Emília e o porquê de eu ter sonhado tanto estar aqui: Fim de guerra. Pessoas precisando se recompor, almas precisando ser curadas, cidade precisando ser reconstruída. Nesse processo, escolhas precisam ser feitas e estas sempre revelam... Neste caso, o que há de melhor nos seres humanos envolvidos. Pensa... Numa assembleia da população sobre como usar o dinheiro arrecado com a venda de um tanque de guerra, homens queriam a construção de um cinema e vou mulheres, de escolas. Quem ganhou??? Naquele momento, as escolas. Mas hoje vemos que todos ganharam! É mesmo muito inspirador ver o tanto que essa população construiu a partir da opção pela infância e tudo mais que vem junto... Esperançosa que sou, acredito que podemos aprender com experiências como as do filme e as de Reggio, e assim navegar juntos por novos mares!
PS: fiz esse barquinho amarelo no REMIDA...





A placa diz tudo: uma escola da infância em Reggio Emília em homenagem a Paulo Freire! E o meu sorriso diz um pouco de minha infinita emoção! Num lugar que respira e inspira uma vida poética bom saber que também aprendeu um pouquinho com a gente! "Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário." Assim, num clima de "Reggio Freire" volto animada para continuar nossas construções de escolas transformadoras - tal como os nossos jovens estão fazendo!




Contar sobre o que entendo por educação, representando uma equipe toda já é em si uma experiência inesquecível! Mas como tudo na minha vida, uma história emenda na outra... Pois antes de minha apresentação o pen drive não funcionou e quando eu já ia desistir minhas colegas não deixaram e me animaram a ir até o hotel buscar meu computador... Nisso, a pedagogista italiana (fofa!) me ofereceu sua bicicleta... E lá vai eu, em meu último dia de Reggio Emília pedalar pela cidade... Foi sensacional! Por esse apoio de todos, por vencer uma dificuldade e principalmente por pedalar pela cidade. No caminho, vi e senti coisas que ainda não tinha experimentado andando à pé, e isso ajudou a me tranquilizar e a me despedir desse lugar que deixa marcas tão fortes em mim.