quarta-feira, 27 de abril de 2011

Primeiros dias

Os primeiros dias de adaptação de Mateuzinho à escola foram um sucesso. Muito orgulho do pequeno que aceitou o colo da professora numa boa e explorou tudo com seus olhos atentos...Assim, vivenciamos dois dias muito tranquilos, pois tudo conspirava a favor: o ambiente, as professoras, os colegas (fofos!!!) e eu calma - dentro do possível, claro!!! (rsrsrs).

Fiquei o tempo todo na sala com ele, mas foi a professora quem interagiu com o pequeno, o que dá uma maior segurança a todos envolvidos no processo. Só que no caso acho que mais atrapalhei do que ajudei... ontem a professora foi me observar trocando a fralda para "aprender" como eu troco a fralda dele. Adivinhem: 5 minutos depois ele estava com xixi do pescoço até o dedão do pé... hahahahaha 

Ao final do dia Mateus me deu um abraço gostoso e fomos para casa. Sem motivos e ao mesmo tempo com todos os motivos do mundo fui até o carro com ele grudado em mim e com lágrimas rolando pelo rosto.

No carro ele deu uma choradinha e eu, dirigindo sem conseguir vê-lo, porque a cadeirinha fica de costas, soltei meu cinto de segurança no farol, enfiei funchicórea na boca dele e pus a chupeta - 1 minuto depois ele estava dormindo. Ufa! Dirigir sem vê-lo com ele chorando dá uma angústia danada... Quando chegamos em casa vi que o rosto inteiro dele estava cheio de funchicórea - hahahaha. Em casa ele quis mais colo do que o normal, uma reação comum de se esperar nesse período de adaptação, mas no horário em que tem seu melhor horário de sono (entre 19h,20h) ele dormiu gostoso que nem um anjinho....

Boa noite, meu filho!!!

Durma bem, porque amanhã a vida lhe reserva mais surpresas boas...
E eu estarei ao seu lado - como sempre.
Você é muito corajoso.
Te amo.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Lembranças que servem de lição: entrada na escola

Minha mãe conta que quando eu passava por uma escola perto de casa eu dizia que "queria ir pra colinha". E ela adiava a minha entrada, pois segundo ela tinha dó de me colocar tão nova, já que uma vez dentro eu não sairia mais. Mas desde pequena eu era teimosa e de tanto insistir um dia ela propôs que se eu largasse a chupeta ela me colocaria e contando até três joguei todas as chupetas no lixo. Foi assim que entrei para a escola - e como minha mãe suspeitava eu realmente não saí mais... rsrsrsrs

Pois é... amanhã meu pequeno começará a frequentar sua primeira escola. Não que ele tenha pedido, quero inclusive acreditar que ele não queria ir e largar o colinho da mamãe... hahaha, mas o fato é que na semana que vem volto a trabalhar e ele precisa, ou melhor, NÓS DOIS precisamos devagarinho nos acostumar com essa mudança em nossa rotina. Por isso viveremos um período de adaptação para que possamos vivenciar tudo isso com calma.

Estou tranquila com a decisão dele ficar numa escola bem como com a escolha dessa escola, mas assim mesmo me batem dúvidas sobre como lidaremos com essa situação.

Outro dia me disseram que a volta ao trabalho da mãe é o seu segundo parto: o primeiro é quando o bebê sai de sua barriga e o segundo é quando sai de seus braços. Chorei quando ouvi isso, pensando em meu pequeno deixando os meus braços - ai que dor! Mas depois ponderei que isso é mesmo verdade; essa separação que pode não acontecer pela volta ao trabalho da mãe, mas por outro motivo é o primeiro grande passo simbólico para aceitarmos que os filhos não são nossos, são do mundo e devemos criá-los assim. Para mim fica mais fácil pensar o contrário: a ausência do rompimento perpetua uma relação mãe e filho muito complicada e compromete o desenvolvimento sadio da vida de ambos. Mas acreditar nisso tudo não nos exime do sofrimento da separação... isso não tem jeito.

Nesse momento em que uma mistura de sentimentos invade meu coração de recém-mamãe tento fechar os olhos e resgatar aquela menina de 3 anos que mesmo amando a sua mãe e tudo o que viviam dentro de casa escolheu experimentar um outro universo; um universo que nunca lhe tirou nada, pelo contrário, só lhe acrescentou.

Benjamin: seja bem vindo!!!

Mais um pequeno chegou a esse mundo: o Benjamin, filho da querida Polly e do Marcelo.

Fiquei muito feliz com a notícia, pois é sinal de que nosso ipê amarelo, árvore símbolo do Pró-saber/SP continua vivo - muito vivo, e ainda por cima dando frutos como nenhum outro ipê seria capaz de gerar!!! Frutos preciosos, valorosos e amados, muito amados...

Tenho certeza de que Benjamin será muito amado por Polly, pois ela é uma dessas mulheres que já nasceu com os braços longos exatamente para poder dar e receber muitos abraços em todos os Raimundos e Raimundas que esse mundão tem.

Desejo felicidades à mamãe e ao papai, curtam muito cada momento da cria, é uma verdadeira delícia... E Benjamin, seja bem vindo, você certamente será um filho amado por toda a eternidade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Meu aniversário

Amanhã é meu aniversário, mas pelo visto Mateuzinho continuará roubando a cena... o jeito é me acostumar!!!

A cena é a seguinte:
Meu irmão veio ao meu encontro com uma caixa nas mãos, eu a recebi e fui abrindo - achando que era pra mim, afinal, ele vai viajar hoje e não nos veremos amanhã. Quando termino de abrir... era um macacão para o filhote!!! Um lindo macacão diga-se de passagem...

Eu ri muito... o que mais eu podia fazer????
Além do mais, há 4 meses eu já recebi o melhor presente do mundo!!!

Desastres de mãe - 3

Simplesmente derrubei um pouco de funchicórea no carro dos meus pais!!!

Quem conhece esse pozinho digestivo para acalmar bebês sabe o quanto é difícil tirá-lo depois das coisas...
Acabei ouvindo um monte da Dona Cleo: que sou desligada, que tenho que prestar mais atenção nas coisas... Ai, ai... Como se ela já não estivesse acostumada com meu jeito... hahahahha

E pra piorar a situação assim que minha mãe desceu do carro meu pai continuou dirigindo para nos levar pra nossa casa e no caminho eu fiz uma besteira ainda maior: derrubei de novo o pote, mas dessa vez inteiro - não sobrou nadica de nada de pó. Meu pai também não gostou, mas levou numa boa e não querendo ouvir depois da muié ele nos deixou e foi direto para um lava-rápido... rsrsrs
Depois me ligou para me tranquilizar - estava roendo as unhas imaginando a reação de minha mãe... Me senti uma criança que faz bobagem e não quer que a mãe descubra com medo de levar bronca... hahaha

No fim deu tudo certo... A única coisa que não teve jeito foi o mico que paguei ao andar na rua com a bermuda suja... Mas isso eu não ligo não... hahahaha

terça-feira, 19 de abril de 2011

Viagem à terra do nunca

Depois de uma semana em que Mateuzinho ficou meio "jururu" por conta de um refluxo chato ele viveu um fim de semana maravilhoso - e merecido!!!

Fizemos nossa primeira viagem juntos (agora com ele fora da barriga... rs) e claro que sua primeira viagem tinha que ser para um lugar mega especial para nossa família: Jambeiro.

Essa cidade abrigou meus bisavós maternos quando chegaram de Portugal e desde então conserva inúmeras histórias das várias gerações que se seguiram... Atualmente poucos de nós moram lá, mas a maioria ainda conserva o vínculo por meio de casas no centro ou na roça.

Passei boa parte da infância indo para lá e são várias as lembranças que guardo em minha memória: passeios de bicicleta, andar na calçada ao invés de andar na rua, cabaninhas no bambuzal, trilhas para o Cruzeiro, cachoeira, serra e da roça pra cidade, fugas dos andantes, contato direto com animais, banhos no lago e muita, muita traquinagem com os primos... muitos primos!!!

Na adolescência também aproveitei esse lugar, mas de maneira diferente... Dessa vez, o que me motivava a fazer essa viagem eram os bailes sertanejos com os primos e amigos. Algumas vezes levava um monte de amigos de SP e fazíamos uma espécie de rave na roça... uma farra! Depois, eu e Luiz também aproveitamos bastante a fazenda tanto com os amigos quanto com minha família. Assim, o churrasco eterno passou a ser o chamariz dessa viagem que em meio àquele lugar tão bonito e especial nos deixava muito relaxados para voltar para a loucura de São Paulo.

Assim, fiquei emocionada em poder apresentar ao Mateus esse mundo encantado de meu passado e ao mesmo tempo sonhar que este também poderá ser o mundo encantado de seu futuro, além de ter a família reunida para celebrar esse momento e vê-lo fazer descobertas que só podem ser feitas naquele lugar mágico onde você faz um monte de coisa e mesmo assim o tempo não passa: uma verdadeira Terra do Nunca.

Algumas fotinhos...
Nós três na Pedra da Baleia, onde brinquei muito...

Passsando a mão na Cindy...

Dando comida para os peixes e tartarugas...
Passando a mão no Koala...
Com primos queridos...
Com a Bisa...
Apreciando e produzindo sons.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Outros relatos - Camila Campello

Achei tão fofo e verdadeiro esse email que a Cami me mandou um pouquinho antes da Luana nascer que já tinha planejado compartilhá-lo aqui assim que a pequena chegasse. Então segue um texto da mamãe mais fresquinha do pedaço que não tenho a menor dúvida de que nesse momento está surtando de alegria com a filhota nos braços e que já é uma super mamãe!!!

Não vejo a hora de conhecer a carinha mais linda do mundo!

Ju, acabei não respondendo o outro email, mas fui eu quem adorei conversar com você! Nossa, agora eu estou mega ansiosa! Sei lá comecei a arrumar a mala da maternidade e entrei em crise porque eu não sei nem como se veste um bebê!!! Eles sugerem 6 macacões, mas eu não sei se precisa ser de frio ou de calor, com esse tempo maluco! Aí eu me dei conta que eu não tinha nenhuma manta ou xale e que pra mim servia um cobertor mesmo, mas aí as pessoas começam a explicar a diferença e eu acho que é fundamental ter um de cada tipo! Mas aí eu vejo que não tenho nenhum... daí eu surto que preciso arrumar... Bom, agora acho que tenho tudo...Louca, né?

Imagina só quando nascer!! Bom, pelo visto tenho certeza que vou surtar quando nascer, que eu não vou saber nem segurar a bonitinha direito, mas depois eu acho que é assim mesmo, e dá  a maior vontade de conhecer ela aqui fora... E que eu já amo tanto os meu gatinhos e a minha cachorra, imagina só uma filha...

Luana: seja bem vinda!!!

Ontem nasceu mais uma flor para embelezar esse mundo: a Luana.

Luana é uma princesinha bem esperta, mas muito preguiçosa que precisou levar um cutucão da vida para sair do quentinho da barriga da mamãe. Mas aposto que agora que ela está nos braços da mamãe e do papai ela está arrependida de não ter saído antes... hahahah
Mas na vida tudo tem sua  hora e nada é por acaso.

Luana é filha do Fernando e da Camila - minha colega de trabalho. A Cami sempre foi uma pessoa querida, mas desde que compartilhou comigo as emoções de nossas gestações ela conquistou para sempre um lugar cativo em meu coração. Tenho certeza de que Luana escolheu muito bem as pessoas que lhe  acompanharão por toda a sua vida; é uma garota sortuda e como já disse muito esperta!!!

Luana querida, desde que ouvi o barulho do celular apitando que tinha mensagem eu senti que você tinha chegado e disse para o Luiz: "A Luana nasceu". Quando li a mensagem e tive certeza eu fiquei radiante, porque mais um ser chegou para iluminar esse mundo e também porque imaginei a emoção dos seus pais -  esse momento é de um amor total e sublime! Além do mais, estou adorando anunciar a chegada de pequenos seres aqui no blog. Por isso, Lua: seja bem vinda. Desejamos tudo de mais maravilhoso para vocês.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Para se emocionar: o equilíbrio da vida

Ao escrever sobre a postagem anterior me lembrei desse texto - se não me engano de Danusa Leão e narrado por Fernanda Montenegro (encontrado no CD Filtro Solar).

Esse texto fala exatamente sobre o ciclo da vida... Eu "perdi" minha mãe (rsrsrs), mas Mateus ganhou uma super avó!!! E isso merece ser comemorado!!!

Perdi minha mãe... rsrsrs

Sempre fui metida a independente. No entanto, desde que virei mãe muita coisa mudou... Agora preciso MUITO da ajuda das pessoas, principalmente da ajuda de minha mãe. Preciso de ajuda não só com Mateuzinho, mas para tudo. Quem diria... Agora vivo pedindo conselhos a ela e quero sempre sua companhia. Uma loucura de amor e gratidão que tenho sentido por ela.

O que gerou essa transformação? Acredito que agora eu sei, ou melhor, imagino porque cada um experimenta as coisas de um jeito único, o que ela passou como mãe. Afinal, conseguir se colocar no lugar do outro faz toda a diferença em nossas maneiras de vermos e nos relacionarmos com o mundo.

Nesse processo, ela, como toda boa mãe - ainda que atarefada com sua vida profissional, tem buscado sempre estar presente de maneira ativa na minha vida de mãe. Mas hoje confirmei uma hipótese que já estava na minha cabeça há um tempo: minha mãe não está fazendo tudo isso por mim, filha querida e amada, mas sim pelo neto, mais querido e mais amado. Ai que ciúme bateu em mim...

Vejam a cena de hoje:
- Oi Ju! Está tudo bem?, minha mãe me pergunta ao telefone.
- Está sim, mas estou com a rinite atacada, respondo com a voz fanha.
- Mas e o pequeno?
- Está bem, dormiu bem e agora já cochilou de novo.
- Ai que bom que ele está bem. Eu vou sair e mais tarde a gente se fala. Tchau!

Preciso falar mais alguma coisa??? hahahahahahah

Só não vou esquentar a cabeça, pois meu pequeno anda mesmo meio "jururu" com refluxo e precisa mesmo de todas as atenções... ainda mais da super vó Cleo!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Primeira entrevista

Quando eu conto para as pessoas que Mateus vai para uma escola quando eu voltar a trabalhar comumente elas dizem: "Ai tadinho!"

Mas eu não acho isso não... Como trabalho em escolas eu sei que uma escola séria e comprometida proporciona muitas coisas positivas para os pequenos. O aperto no coração que sinto é de não poder ficar um tempo a mais curtindo meu pequeno e não dele ir para uma escola.

Hoje fomos à nossa primeira entrevista com a orientadora da futura escola de Mateuzinho.
Esquisito essa minha nova relação com uma escola: não recebendo alunos e sim entregando. Novos aprendizados estão por vir, com certeza!

O interessante é que como eu e o Luiz somos professores não foi preciso conversarmos a respeito da linha da escola, das justificativas e propostas, mas sim de questões práticas: horários, mensalidade etc. Enfim, foi uma conversa tranquila e rápida. No entanto, ainda assim, no caminho de volta ao olhar Mateuzinho dormindo preciso confessar que algumas lágrimas escorreram em meu rosto... ai, ai.

O tempo não volta

Quando as aulas começaram no início do ano eu achei muito esquisito não voltar a trabalhar, já que o trabalho sempre teve um peso importante em minha vida. Fiz até questão de ir até a escola no primeiro dia para dar um OI para os meus futuros alunos e assegurá-los que em breve estaria com eles diariamente.

Passado esse momento comecei a mergulhar cada vez mais fundo em minha relação com Mateuzinho e na construção de nossa rotina chegando ao ponto de sofrer ao pensar que essa fase acabaria com a minha volta ao trabalho.

No ano passado me ofereceram voltar a trabalhar apenas em agosto - e ficar o restante dos meses sem remuneração, mas eu achei besteira... pôxa, quanto mulher volta até antes??? Mas agora, sendo mãe de uma coisa deliciosa penso muito diferente. Acho que a licença maternidade de 6 meses é urgente e que não sendo, vale à pena o aperto financeiro para termos esse luxo de ficarmos mais tempo com nossos filhotes.

Mas o tempo não volta e eu já havia me comprometido a voltar agora. Coração dilacerado só de pensar em me afastar da cria. Por fim consegui adiar 2 semanas minha volta para continuar o processo de adaptação do Mateuzinho à nova alimentação com a entrada de sucos e volto no dia 5 se maio.

O ponto positivo é que após os dois encontros recentes que tive com as duas turmas de alunos do ano passado finalmente senti uma pontinha de desejo em novamente estar rodeada de crianças e construir com elas novos vínculos de afeto. Na verdade essa relação já tem acontecido por meio de emails fofos, então agora é só continuar que a relação crescerá e também ocupará um lugar especial em meu coração apertado.

Outro encontro especial

Falando em crianças queridas não posso deixar de mencionar meu encontro na semana passada com outra turma igualmente especial que são as crianças da outra escola em que atuava como coordenadora. Elas foram a um passeio perto de casa e aproveitamos a ocasião para eu revê-las e apresentar meu filhote.

Assim que chegamos elas estavam espalhadas pelo campo brincando muito, fiquei um tempo só observando, que delícia! Conforme elas viram o Luiz (que é o professor de educação física delas) carregando Mateuzinho no colo elas foram enlouquecidas ao seu encontro. Enquanto isso dei abraços apertados nas colegas que não sabiam de nossa surpresa. Muita emoção.

Aos poucos, as crianças me descobriram... As novas vieram se apresentar e as antigas, pequenos 'catataus' de 5 anos vieram me dar vários abraços deliciosos... foi muito, muito gostoso!!!! E mais gostoso ainda perceber que o tempo passou, elas estão espichadas, mas o vínculo construído continua no mesmo lugar. Algumas já vinham logo me abraçando, outras gritavam, outras ficavam me rodeando esperando a minha aproximação, outras se colocavam na minha frente para verem minha reação. Teve uma que parou na minha frente e disse: "Você nem me conhece mais..." e dei um baita sorriso quando o agarrei chamando pelo nome, outra que passou por mim tranquilamente e disse: "oi Juju" como se tivesse me visto no dia anterior e outra que me olhava desconfiada como se pensando se estava me vendo mesmo. Eu a entendi, pois também não acreditava estar ali vendo-os correr livremente pelo campo.

Mas o que mais mexeu comigo nesse encontro foram as perguntas das crianças que se seguiram aos abraços...

"Onde você tava?", Ulisses me perguntou.
Respondi que estava cuidando de meu bebê.
Mas a verdade é que essa pergunta é bem mais complexa (como toda pergunta de criança o é).
Assim, depois de lhe responder por um segundo saí de mim e só fiquei pensando... Pensando que desde que meu filho nasceu eu estou em outro universo: no Mundo Encantado do Mateus, e que isso faz toda a diferença na nova relação que tenho tido com todas as coisas e as pessoas, pois realmente estou experimentando um novo mundo.  Meu mundo está diferente, porque eu estou diferente e o vejo diferente; ser mãe é uma experiência tão forte que faz tudo ter outro sentido. Outro dia me falaram que ser mãe é tão revolucionário como uma tatuagem... Dei risada, porque - agora ao ser mãe - achei a comparação muito desproporcional: tatuagem é marca na pele, ser mãe é marca na alma, muito mais profundo e transformador.

Logo em seguida, outro abraço e outra pergunta, dessa vez da Andressa.
"Você não vai mais na minha escola?"
Respondi que um dia vou visitá-los sim.
Ela insistiu fazendo a pergunta mais difícil de todas:
"Quando você vai de novo na minha escola?" e sei pela cara que ela fez ela não estava referindo-se a uma visita e sim ao convívio diário que tínhamos até o ano passado.
Respondi sinceramente que não sei.
Até o ano passado atuava como coordenadora dessa escola e todos os dias recebia na porta esses pequenos com um bom dia, e passava o resto da manhã com eles. Mas neste ano resolvi - com muita dor, me afastar dessa escola...

Foram vários os motivos: com a chegada de Mateuzinho quero trabalhar apenas meio período, não quero ainda abrir mão da experiência como professora e acho que essa escola precisa de uma coordenadora mais fera desde o início do ano; eu voltando apenas agora atrapalharia o bom andamento das coisas.
Mas mesmo tendo isso bastante claro em minha cabeça o meu coração ainda está cicatrizando dessa ferida.

Mas com certeza esse encontro me ajudou nesse processo, pois quando menos esperava uma criança me cutucou e me convidou para brincar de pega-pega; foi o melhor presente que eu poderia ganhar no dia. Sensacional! Fui embora mais leve e tranquila...

domingo, 10 de abril de 2011

Piquenique especial

Apesar de todas as pedras pelo caminho, a vida - sempre majestosa - segue seu rumo.
Ainda bem!

Ontem foi um desses dias que a vida mostrou para mim seu lado mais humano e belo: vivenciei um piquenique especial com pessoas muito queridas que fizeram questão de demonstrar o tempo todo carinho por mim e pelo meu pequeno. Em vários momentos contive minhas lágrimas de emoção...

Minha turma de alunos do ano passado acompanhou toda a minha gravidez e criou uma relação com Mateus, ou melhor, com o Teteus como alguns o chamam de muita cumplicidade. Era como se fosse um colega novo que tinha chegado no meio do ano e precisava de todo acolhimento para se enturmar. Assim, eles me faziam perguntas, carinho em minha barriga, conversavam com ele e no final do dia eu sempre escutava: "Tchau Ju! Tchau Mateus!" com direito a beijinho na barriga. Mesmo as crianças mais reservadas de alguma maneira também demonstravam o quanto estavam curtindo o novo companheiro. No acampamento cuidaram de nós dois, me trazendo comidas, fazendo massagens e andando devagar comigo pelas trilhas. No início da gravidez alguns diziam que não caberia um bebê na minha barriga e ao final (Mateus nasceu 5 dias depois que as aulas acabaram) eles se assustaram com a nossa imensidão e ficavam competindo para ver quem tinha os braços maiores para me abraçar. Nesse processo foi lindo vê-los interessados em resgatar suas próprias histórias quando bebês - vindo nos contar causos que tomaram conhecimento por meio de conversas com familiares, mostrar fotos das mães grávidas e deles bebês e assim percebendo o quanto estão crescidos e capazes! Isso sem mencionar os presentes, as cartinhas e os desenhos que recebemos, uma delícia!!!

Por vários motivos na escola em que trabalho nós, professoras, não temos o hábito de compartilhar eventos sociais com os alunos fora da escola. Mas como eles já não são mais meus alunos e como o processo vivido foi muito intenso eu achei que eles mereciam conhecer o Mateuzinho - agora fora da barriga!!! Para isso organizamos um piquenique com a ajuda de todos, em especial da Sofia B. e da Claudia e foi o máximo. Muita emoção.

Ao chegarmos as crianças estavam eufóricas - as meninas com mil abraços e beijos e os meninos só acompanhando meu trajeto com o corpo afastado, mas os olhinhos de perto... Tinha uma faixa linda: "Mateus, bem vindo à turma!" e mais um monte de mães e pais que também acompanharam o processo com toda a emoção de reviver seus próprios processos da gestação de um filho amado. Ah! Também estavam presentes alguns irmãos e avós, enfim, foi uma farra! A comilança foi enorme e a brincadeira rolou solta.

Mateuzinho ficou numa boa, talvez reconhecendo aquelas vozes. Afinal, como disse minha grande companheira Vivi que também compareceu na festa para receber esse carinho todo ele passou mais tempo da vida dele no meio desse barulho do que no silêncio de nossa casa (trabalhava em 2 escolas). Também ficou numa boa porque contei com a ajuda de minha mãe que ficou com ele para eu poder papear um pouco com as crianças e pais. Mas mesmo assim a gente sempre sai com a sensação de que queria ter aproveitado mais...

Ao conversar com os pais achei gostoso poder contar sobre minha experiência desses primeiros meses bem como ouvi-los sobre a experiência deles oficializando dessa maneira a minha entrada para a turma das mães corujas. Também foi bom poder saber de notícias fresquinhas sobre o percurso dos filhotes... É só meio 'saia justa' quando começam a falar da escola... Com as crianças, que delícia poder revê-las, algumas só de longe me rodeando, mas quando chamava se aproximando com satisfação, algumas agarradas o tempo todo, outras querendo me contar das descobertas e me mostrar as conquistas como uma que foi ler para a gente enquanto outras nos procuraram para ouvir uma palavra amiga ao desabarem as dificuldades e desafios. Fofos de tudo!!! Apenas 3 crianças não foram e fizeram falta...

Muitos presentes inesperados e um bolo para Teteus - eita garoto mimado!!! E para mim, a cena mais linda do dia: essa turma que sempre fazia uma gritaria na hora do 'parabéns' cantou baixinho para não assustar o colega - nem um mar de ouro seria capaz de pagar esse momento em minha vida. Demais... é muita sensibilidade, muita solidariedade, muito amor.

Orgulho - muito orgulho - em ser professora e poder construir todas essas relações de afeto e ajudar no processo de humanização desses pequenos que certamente já estão deixando esse mundo melhor.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Luto nacional: Escola no Rio de Janeiro

Ainda não consegui colocar no blog os textos que bolei nesse tempo em que estive fora do ar, contudo, apesar da correria com Mateuzinho e da tendinite no pulso direito preciso escrever sobre algo urgente: o massacre na escola do Rio ontem.

Foi um acontecimento muito chocante; não mencioná-lo aqui é banalizá-lo entendendo-o como parte de nosso cotidiano. E não é - ou pelo menos não deveria ser, pois se para alguns a vida humana não vale nada para as demais pessoas (que ainda bem são maioria) a vida humana vale sim - e muito.

Neste blog o tempo todo eu celebro a vida ainda que aborde também as dificuldades inerentes a ela. E não tem jeito, falar da vida é também falar da morte, por isso resolvi escrever a respeito.

Quero marcar que o que aconteceu naquela escola é revoltante, pois não trata-se da morte natural que caminha diariamente ao lado da vida, e sim de uma, ou melhor, 11 mortes prematuras e brutais... dessas que foram provocadas e que não poderiam jamais condizer com um comportamento humano. Inaceitável.

A gente nasce humano, mas desenvolvemos nossa humanidade ao longo de nossas vidas por meio da vivências de nossas experiências (positivas e negativas). Mas infelizmente esse processo não tem sido bem cuidado em nossa sociedade atual, fazendo com que meninos como o que assassinou aquelas crianças não entendam a vida como um bem maior.

Diante desse acontecimento não posso deixar de pensar sobre a dor da perda de um filho. Difícil demais: dá um aperto no coração, a garganta fica entalada e os olhos lacrimejantes.

A esse respeito lembro-me de um professor que passou pela perda de um filho dizer que a criança que perde um pai ou mãe vira orfã, uma esposa ou marido que perde um ao outro vira viúva ou viúvo, mas a perda de um filho ou uma filha é tão anti-natural no ciclo da vida que não existe uma palavra para definir aquele pai e aquela mãe que sofreram tal perda.

Por fim, me solidarizo muito com as mães, os pais, os demais familiares e amigos que perderam crianças queridas nessa tragédia. Sinto muito.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fora do ar

Há uma semana não escrevo aqui, pois estive fora do ar com um monte de eventos no fim de semana. Mas mesmo assim o tempo todo estive pensando neste blog e tudo que acontecia de interessante eu bolava um texto na minha cabeça. Agora tentarei "passar a limpo" esses textos.

Vamos ver se dá certo, pois além disso estou com tendinite de tanto carregar Mateuzinho... rsrsrs