domingo, 19 de junho de 2016

Eu me ensino aprendendo com eles...

Outro dia aqui em casa, Mateus estava em busca de um meião limpo para usar. Como não encontrávamos lhe perguntei o motivo de tanta preocupação. "Ah, mãe, é que lá na escola a gente gosta de fazer a turma do meião". Num misto de sentimentos de achar uma fofura essa identidade da turma e ao mesmo tempo preocupação com o que esse tipo de acordo pode gerar: uma rigidez nas relações e consequentemente exclusões, eu retruquei: "Pôxa, legal essa turma! Mas nós não estamos achando o meião e você vai ter de encontrar um outro jeito de participar dela!". Mateus insiste: "Mas mãe, vamos continuar procurando, porque quem procura acha. E também eu gosto mesmo de usar meião, porque eu gosto de usar short. E se não tiver meião você não vai deixar eu ir de shorts no frio."

Procuramos mais um tempo pelo dito cujo, em meio aos meus pensamentos ainda divididos... Uma parte de mim torcia para que o encontrássemos para que fizesse parte da tal turma e não fosse necessário um duelo por causa do shorts e ao mesmo tempo outra parte torcia pelo não encontro, justamente para que tivessemos a oportunidade de enfrentar juntos e de um jeito positivo todas aquelas nossas questões - tão simples e tão complexas de nossas relações diárias. O destino resolveu o impasse e encontramos o meião.

Mateus o colocou feliz, e como ganhamos um tempo em nossa correria para ir à escola por causa da ausência do duelo do shorts então continuei aquela conversa:

- Mas Mateus, me conta como vocês fazem com quem não vai de meião... Você mesmo, hoje quase não foi...
Do alto dos seus 5 anos, ele me responde:
- A gente combinou de ir, porque a gente gosta, mas quem quiser ficar junto, a gente pensa em outra coisa que a gente tem de parecido. Pode ser a turma do azul.
- Que legal, meu filho. Então vocês vão encontrar um jeito de todo mundo participar. Isso não é fácil, mas fico tão, tão feliz que vocês estejam tentando! Acho mesmo que se vocês procurarem bem vão achar algo parecido entre vocês. Mas se por acaso, não acharem, como vão fazer? Quer dizer, e se não der para fazer a turma do azul?
- Ah, mãe, daí a a gente faz a turma do colorido!
(silêncio, abraços, risos e choros, de minha parte, claro, porque ele não entendeu minha reação e logo me apressou para sairmos de casa... Ele tinha uma tarde inteira a explorar na escola!).

Longe de pensar que essa atitude se restringe ao meu filho e me iludir de que sempre ele conseguirá ter atitudes respeitosas como essa, quero pensar de forma ampla...

Quando as crianças participam de um ambiente afetivo com constantes referências cuidadosas, elas são capazes de desenvolver uma capacidade agregadora que cada vez mais temos percebido o quanto é inata aos seres humanos. Essa cena é mais um exemplo de como essa criançada já vem experimentando relações que agregam... E com isso meu coração se enche de emoção e esperança!

"Eu me ensino aprendendo com eles." (desconhecido)



Cá entre nós, pode lindeza maior nessa vida? Pensar que nosso mundo pode ser diferente, com gente que se importa com o outro, que se cuida, que se ama e principalmente, onde todo mundo cabe.

Faz uma semana que no dia do "amor" 50 pessoas em Orlando morreram por falta dele.
No mundo todo, diariamente pessoas morrem, de diferentes jeitos, mas pela mesma razão.

É urgente pensarmos e agirmos a esse respeito. Ontem vi a imagem do primeiro ministro canadense beijando outro homem como protesto ao ocorrido em Orlando. Outro gesto simbólico, ainda mais vinda de um político! Que isso possa nos inspirar que essas autoridades se coloquem a respeito.

Precisamos, tanto no plano macro como no micro, recolher mais cenas assim, afetivas, integradoras, respeitosas e transformadoras para nos enchermos de disposição para enfrentarmos com muita ética essas questões postas em nossas relações diariamente.

Hoje, mais do que nunca, me sinto a voz dessa criançada que pede um mundo mais amoroso e muito colorido! Elas merecem e o mundo agradece.

"Eu tô pela revolução que ainda falta que é a revolução das crianças". (Lydia Hortélio)


sábado, 11 de junho de 2016

Nara: seja bem-vinda!!!

Há uma semana atrás nascia Nara, a mais nova integrante da turma das Perukas. Filha de minha amada amiga Andrea e seu maridão Marcelo, a Nara é uma menina sortuda que certamente vai trazer muito afeto a toda essa família e ao nosso círculo de amizades.

Estamos muito contentes e emocionados com essa chegada, e claro, muito desejosos de atravessar quilômetros de estrada para conhecê-la. Enquanto isso não acontece a gente fica por aqui emanando boas energias para ela e para a nova mamãe e papai, no meu caso, por meio de rabiscos...

DESEJOS

Nara querida,
desejo que sua vida seja repleta de alegria.
E de amendoim, sorvete, pipoca e pão de queijo.
Fazenda, praia, piscina, quintal e rua.
Pega-pega, esconde-esconde, amarelinha e bambolê.

Mais que isso, espero que desfrute de toda sua família,
do afeto os seus pais e do colinho dos avós.
Dos amigos que vai construir e da bagunça que vão fazer.

Juntos, vocês se sentirão mais fortes
para experimentar todos os desafios e delícias dessa vida.
Tal como seu pai e sua mãe se sentiram no dia do seu nascimento.
Foi difícil. Sua mãe ficou horas em trabalho de parto. Seu pai ficou ansioso.
Mas valeu a pena! Você nasceu linda e saudável,
e um deu força para o outro até todos ficarem bem.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo que nos momentos difíceis você perceba que tem com quem contar,
que seu pai é ponta firme e sua mãe uma grande mulher.
O que não quer dizer que sejam perfeitos, pois isso não existem,
mas eles farão o que melhor que puderem como seus pais. Então retomando...
seu pai é ponta firme e sua mãe uma grande mulher. E isso é muito. Acredite!

Mais que isso, sua mãe é uma super companheira:
com ela ao seu lado, você seguirá pelos melhores caminhos...
Ela sabe planejar ótimas listas inúteis,
pois por mais que como boa virginiana tente controlar tudo,
ela se atrapalha, se perde e se rende ao inesperado e às boas surpresas da vida.

Juntas, darão boas risadas do seu jeito sonsin.
Sim, talvez você fique incomodada com as indecisões dela,
Mas veja o lado bom... Se por acaso vocês se verem em Apuros,
sua mãe saberá pedir Socorro!
Um dia ela te contará essa e outras histórias,
e mais uma vez, darão risadas ao final!

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo que sua vida seja repleta de aventuras.
Que vocês possam viajar a muitos lugares: Jambeiro, Cuba, Guarda, França,
e juntas, descobrir o mundo.
Com ela ao seu lado, sua bagagem ficará cheia de histórias...
E de fotos com poses, prepare-se para os micos que ela vai te fazer pagar!

Mais que isso, espero que também viajem muito aqui para São Paulo,
para visitar as amigas da mamãe...
Para que eu possa desfrutar da companhia dela, do seu pai e agora sua,
e em cada gesto, palavra e cena eu possa conhecer do jeito dela em você e vice-versa.

Junto com nossos filhos, vocês poderão se divertir
e construir mais uma geração de amizade.
E a vida poderá tomar sua forma circular, de roda viva, que vai e volta
sem perder jamais aquilo que importa.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
desejo uma vida repleta de amor.
Que no dia a dia das relações vocês formem uma família unida,
o que não significa sem desavenças, sem cansaços e sem erros.
Mas um desejo inexplicável de experimentar a vida em conjunto,
lidando e transformando todos os desafios em oportunidades.

Mais que isso, que você possa se inspirar na história de amor
construída por seu pai e sua mãe.
Dois meninos quando se conheceram...
Uma vida pela frente que descobriram ser melhor vivida, a dois...
e agora a três, com você!

Juntos, vocês experimentarão a beleza de rir e chorar com quem nos importamos.
O prazer de cuidar e ser cuidado, amar e ser amado.

Que seja sempre assim...

Nara querida,
algo me diz que sua vida será muito boa.
E a de sua mãe e seu pai também!
Aproveitem!!!