quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Lembranças que servem de lição: papo de tia velha

Uma cena que aconteceu inúmeras vezes durante minha infância e que me marcou bastante foram meus encontros com tias mais velhas que há tempos não via e a primeira coisa que ouvia delas era: "nossa, como você cresceu!". Lembro que tinha amigos que quando também encontravam suas tias mais velhas e ouviam comentário semelhantes se incomodavam com a repetição do discurso; eu não. Em mim, o principal efeito que essa fala gerava era uma incompreensão, já que na época não tinha condições de perceber a força do tempo em nossas vidas e como realmente levamos um susto quando percebemos que alguém mais novo cresceu ou alguém mais velho envelheceu.

Na verdade, acho que nosso choque maior deve-se que ao constatarmos essas ações do tempo nas outras pessoas nós também nos damos conta de que nós também crescemos e envelhecemos; algo inevitável, assustador e deslumbrante.

Tenho pensado muito nisso tudo desde o nascimento das meninas, pois segurar dois bebêzinhos tão pequeninos em meus braços me fizeram mudar de percepção sobre Mateus, ele virou um gigante! Ontem consegui uma folguinha entre uma mamada e outra e aproveitamos para ficarmos juntos no parquinho, quando então começo a reparar que Mateus estava fazendo coisas que antes não conseguia fazer: beber água no bebedouro, subir a escada da casinha e descer o escorregador sozinho, inclusive ficando bravo quando ameaçava pegá-lo e segurando-se na barra. De repente eu me vi falando: "nossa, como ele cresceu!" e então fiquei abismada e maravilhada ao mesmo tempo.

Fiquei assustada em como o tempo passa rápido e meu pequeno já é capaz de fazer tanta coisa sozinho, mas também orgulhosa por suas conquistas, senti medo de que o tempo continue passando rápido e eu não tenha a chance de aproveitar tudo quanto quero de suas companhia, mas também desejo em que o tempo passe para que a gente construa uma longa história de vida juntos. Por fim, fiquei preocupada em antecipar sua fase de bebê (ele, com 1 ano e 8 meses ainda é um bebê) porque virou o irmão mais velho, mas também encantada em vê-lo tão fofo ao lidar com a mudança.

Ninguém é só velho ou novo, só grande ou pequeno, pois tudo depende de quais são nossos parâmetros de avaliação. Assim, fica meu desafio de conseguir olhar para meu filho da maneira mais clara o possível para que eu não fique presa a imagens e sim às suas reais necessidades e possibilidades. Reconhecer que ao mesmo tempo ele pode ser grande ao querer cuidar das irmãs e pequeno ao querer também ser cuidado - e que em todos esses momentos ele poderá contar com meu apoio e de tempos em tempos, com meu assombramento: "nossa, como ele cresceu!"  






2 comentários:

  1. Ju querida,
    que delicia essa sensação de ver os pequenos se tornando grandes e que medo desse tempo tão traiçoeiro...
    Me pego nas mesmas questões com a Oli agora que ela vai virar a mais velha e penso se não estou acelerando o andar dos passos: ela agora dorme na "camona". Ela também tem ficado brava quando tento ajudá-la, quer fazer tanto sozinha...
    O bom é ver que nosso colo ainda é um ótimo (e necessário) acalanto.
    beijo grande,
    Li

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  2. o melhor colo do mundo, com certeza!!! acabei de te mandar um email sobre isso, vamos nos falando... mas que é difícil encontrar e manter esse equilíbrio, ah isso é mesmo... bj

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