domingo, 7 de abril de 2013

Segura a minha mão, mamãe?

Essa foi a pergunta que Mateus me fez durante a apresentação de teatro que assistimos juntos hoje e claro que sua solicitação foi imediatamente atendida por mim, com o maior carinho do mundo.

Quando voltamos para casa e contamos ao Luiz que ele chorou algumas vezes por causa do medo que sentiu quando ficava tudo escuro levei um susto ao ver a reação do Luiz de dizer: "mas não pode, filho". Como assim, não pode sentir medo? Quase fuzilei Luiz com meu olhar e rapidamente ele percebeu a inadequação de seu comentário e conseguiu  conversar com o filho a respeito. Depois fiquei pensando que se um cara bacana como Luiz precisou de ajuda para perceber que um menino de 2 anos pode SIM ter medo tal como um de 20, 50 ou 70 quem dirá outros caras. Daí entendemos a ideia difundida de que 'homem não chora!". Eu que não vou criar meu filho desse jeito. Não mesmo.

Acolhi o medo de meu filho, lhe dei colo, segurei sua mão, lhe assegurei que estava tudo bem, porque medo a gente sente e pronto. Nem sempre tem explicação e nem sempre pode ser superado no momento. Às vezes leva tempo e outras vezes o real motivo é outro, não explícito e palpável.

Hoje, quando ele chorou pela primeira vez meu coração apertou e quase saí correndo dali para que meu pequeno se tranquilizasse, mas consegui ter calma para perceber que aquele choro era pontual. Ele levou um susto com o escuro que veio de repente, com o som alto e com a maluquice dos personsagens até então apresentados. Também me reconheci naquele choro, afinal a peça "Alice no país das maravilhas" sempre me trouxe estranheza desde a infância, pois nela está presente muita loucura sinistra, estranha e perturbadora. Quando criança ganhei um livro que me causava fascínio e medo, e por muito tempo tentei lê-lo até que por fim desisti completamente.

E não é esse um dos papéis da literatura, da artes em geral? Abordar nossos sentimentos, ajudar na construção de nossos arquétipos, nos ajudar em nossas relações, nossas formações??? Acredito que sim.

O fato é que por isso tudo resolvi dar uma insistida com Mateus antes de sairmos do teatro como ele pediu e ao ganhar meu colo, um saco de pipoca e a apresentação de uma peça de qualidade ele conseguiu lidar positivamente (e com o coração acelerado) com seu sentimento e aproveitar o restante da apresentação. Ainda bem, pois seria muito decepcionante ter uma casa nova de teatros ao lado de casa, com várias peças infantis de qualidade a preço popular e não poder ir, porque o menino ficou cismado.

Agora, o melhor de tudo é saber que meu pequeno, diante de um medo, que faz parte de nossos processos simbólicos, pede a minha ajuda, a recebe com tranquilidade, demonstrando total confiança e com coragem continua com os olhos vidrados no espetáculo. Aplausos para ele!!!

Filhão, conte comigo e com seu pai sempre. Porque quando um der uma "bola fora" tem o outro pra fazer o remendo, tudo por você... Te amamos.



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