quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Praia do crescimento

Mais uma temporada de férias na praia... Uma delícia só!

Interessante voltar um ano depois ao mesmo espaço e constatar o que já era sabido, mas ainda assim surpreendente: como meus filhos cresceram!




 


Minhas meninas perderam o ar de bebê e ganharam ares de meninas, sem fraldas, pedindo para ir ao banheiro e a cada dia ganhando maior intimidade com a rotina diferenciada, sorvetes em abundância, sonos na rede, com a água do mar, as ondas, querendo ir no fundo ou brincar juntas ou sozinhas na areia, fazendo buraco, achando bichinho, regando tudo e todos, e fazendo novas amizades. brincando de imitar as mulheres com as cangas amarradas no pescoço, e também até o pescoço, se enterrarem na areia.

Já Mateus assim que viu o mar já se lançou a ele e de lá só saiu para tomar sorvete e ir para casa dormir. Meu filho virou um peixe, um lindo peixe preto, desses que não só vivem na água, mas se deliciam dela, a usufruem, e vivem a nadar de vento em poupa e sorriso no rosto.

Num determinado momento, não resisti e quis participar dessa sua experiência, e quando a onda veio, me agarrei à sua boia para também "pegar um jacaré" quando ele reclamou. Me justifiquei dizendo que queria ir junto e Mateus respondeu: "Mas você estava me segurando". Naquele momento me dei conta do quanto temos que aprender que em algumas situações IR JUNTO do filho é o mesmo que segurá-lo, não lhe dando a chance dele viver ao seu jeito, o seu tempo e as suas vivências, com seus pensamentos e sentimentos e assim superando cada desafio e desfrutando das próprias conquistas.

Em seguida me lembrei de minhas vivências quando eu reclamava com minha mãe, meu pai, outros adultos, o mundo, por me segurarem, ainda que desejassem fazer o mesmo que eu: curtir junto, dar apoio, estar ao lado. Difícil e lindo esse ciclo da vida. A questão é que por trás dessas ações se esconde nosso real desejo de segurar o tempo. Algo sabiamente inevitável.

Meu menino, com seus recém 4 anos de idade, já sabe disso, e ao final me pediu (com muita delicadeza, o que me deixou ainda mais desconcertada): "Mãe, deixa que eu vou comigo mesmo".

Pois é, coube a mim fazer a digestão dessa situação, porque se tem uma coisa pela qual eu lutei por meio de minhas reclamações e que também pretendo preservar na vida de meus filhos é que sejamos sujeitos livres.

Em meio àquele mundão de água, uma lágrima discreta escorreu em minha face junto de um sorriso que brotou ao vê-lo terminar seu 'jacaré', todo feliz da vida! Quando ele acenou para mim, a lágrima já havia se misturado às águas da vida e só meu sorriso continuava escancarado - porque esse ninguém me tira!!!


"Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (...) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo."
Caio Fernando de Abreu

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