sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Lembranças que servem de lição: marcas do futebol

Assim que conheci Luiz, soube de sua grande paixão por jogar futebol, e não demorou muito para que eu percebesse os efeitos que esse esporte causava nele: contusões, ralados, pés quebrados. No início de namoro, era aquela preocupação em demasia seguida de uma sensação gostosa de poder cuidar do amado e coisa e tal. Com o passar do tempo passei a me confrontar com situações conflituosas como o cancelamento de eventos sociais por conta de Luiz não estar em condições de participar. Na época brincava com os amigos dele: "Poxa vida, entrego o rapaz inteirinho, cheirosinho e vocês o devolvem todo estrupiado!!!" e fazia pressão para que ele se cuidasse ou ao menos "aguentasse a dor sem reclamar". Enfim, minha pressão foi tão grande que certa vez combinamos de ir a um show na Virada Cultural e mesmo com braço machucado o Lu foi... quietinho, quietinho, só pra me agradar e não escutar...rs. No dia seguinte, descobrimos que ele havia quebrado o braço!!! Fiquei muito, muito mexida com isso e nunca mais reclamei e aceitei, afinal, era sua paixão, fazia parte dele. Lembro-me que mesmo machucado era com alegria e orgulho que ele contava do lance que havia se envolvido em nome de seu time seja impedindo o gol do adversário ou fazendo o gol da vitória.

Pois meu filho, com apenas 3 anos, vem trilhando um caminho parecido. Assim como o pai, ganhou mais uma história para contar: jogando futebol, Mateus quebrou o pé! E como sempre, ele está bem, lidando tranquilamente com esse empecilho, e claro, contando os dias para voltar a bater bola.

Fico aqui pensando que depois de tantas vivências, algumas coisas a gente precisa aprender nessa vida, e isso eu aprendi: crianças (de 3, 30 ou 60 anos) são assim mesmo... estão sempre dispostas a brincar, a explorar e a se divertir, e é desse jeito que a vida tem de ser. Por isso, sigo na torcida para que meus dois meninos moleques voltem logo a jogar o futebol do jeito que eles gostam (e precisam), mesmo que depois acabem ganhando novas marcas no corpo. Faz parte: marcas no corpo, marcas na alma. E principalmente, sigo com a minha fé de sempre. Fé na potência desse tipo de vivência intensa.

Para quem quer pensar um pouquinho mais a respeito, segue um link de uma reflexão importantíssima feita por Contardo Calligaris "Crianças protegidas e inseguras", na Folha de São Paulo.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2014/09/1517396-criancas-protegidas-e-inseguras.shtml

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