domingo, 5 de outubro de 2014

Vamos votar?

Sim... Dá preguiça sair de casa em pleno domingão friozinho, só para votar. Mas é preciso!!!

Não podemos nos esquecer de que a conquista do voto direto foi uma luta de muitas pessoas para que hoje conseguíssemos ter esse direito: escolher livremente e de maneira democrática nossos representantes. Com 3 anos, por exemplo, não pude fazer o que Mateus está fazendo nesse momento, e junto de meu pai, acompanha-lo numa votação.

Luiz: "Mateus, vamos votar comigo?"
Mateus: "O que é votar?"
Luiz: "A gente vota para escolher quem vai governar o Brasil".
Mateus: "Mas eu governo".
(risos)
Luiz: "Você está ainda aprendendo a governar a sua vida".
Mateus: "Então eu voto em você!"

Demais de fofo.................. E eu voto nele, nelas!!! Pois como diz Lydia Hortelio, no documentário "Tarja branca": "Eu tô pela revolução que falta que é a revolução das crianças!"

Ao fazer essa declaração a Luiz Mateus captou a verdadeira essência do voto: votar é um ato de amor. Amor a um lugar, ao nosso grupo, à nossa história, a um modo de viver, ser e de concretizar sonhos e projetos coletivos. Por isso não votamos em qualquer pessoa, votamos em quem confiamos que representará nossas ideologias, nossas escolhas ou pelo menos se esforçará para tal. Essa é a beleza da democracia: cada um se expressar livremente (e de maneira respeitosa), sentindo toda a potência que carrega. Mateus, menino crescido numa recente democracia, já percebe a força de sua voz ao sentir que governa o país. Que lindeza!

Infelizmente, não tive a oportunidade de experimentar essa vivência e reflexão sob a perspectiva única e preciosa de minha primeira infância, e sendo assim eu e as pessoas de minha geração (e as anteriores), certamente deixamos de fazer aprendizagens importantes sobre a nossa potência, principalmente quando nos mobilizamos coletivamente. Ao contrário, essa época restritiva e violenta da ditadura militar, deixou fortes marcas negativas em mim, em nós, em nosso país.

Muitos ranços autoritários ainda permanecem em nossas crenças e ações, exigindo de cada um de nós um grande esforço pessoal e coletivo para os superarmos em direção à efetiva construção de uma sociedade justa e plena - isso sem mencionar outros tipos de ranços, muitos heranças de nossa colonização exploratória por uma elite branca, machista e metida a europeia. Mas ainda assim, seguimos caminhando... Cada um dentro de suas possibilidades de compreensão para o momento.

Alguns de nós, por exemplo, seguem com uma tolerância maior frente à diversidade e com uma leitura mais afinada sobre o nosso processo histórico buscando transformações reais em nosso sistema, outros, mais acomodados, anulam a própria voz ou viram "resmungões" cegos, seja de quem está no governo ou de quem está na oposição , outros (socorro!) querendo zoar nas eleições, votam em uns tipos esquisitos, sem propósito algum, e ainda outros (socorro de novo!!!) querem voltar ao tempo da ditadura, às velhas práticas tenebrosas de direita.

Realmente o exercício democrático é um constante desafio da vida em comunidade, mas não tem jeito... É apenas nessa nossa recente experimentação democrática que vamos poder, seja errando ou acertando, reconhecer o tipo de sociedade que somos e aprender, JUNTOS, sobre o tipo de sociedade que queremos nos tornar.

Agora é hora de Mateus votar e comemorar com a mamãe, pois ainda que meus candidatos não ganhem, de todo modo eu já estou ganhando em ter a chance de poder me manifestar livremente sobre os rumos de meu país. E, claro, poder manifestar-me positivamente ou negativamente sobre as futuras ações dos eleitos.

PS1: Mateus não quis ir votar comigo para brincar, achei um argumento muito justo!!!rsrsrs

PS2: Continuo "totalmente à deriva" como disse numa postagem homônima, e fica a dica, a leitura das reflexões de Leonardo Sakamoto - anima ver gente bacana pensando de um jeito amplo sem tanto ódio cego e muito desejo em entender o que se passa, em busca de alternativas a tantos movimentos reacionários:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/

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