terça-feira, 10 de março de 2015

Em defesa da família

Morreu o jovem Peterson Ricardo de Oliveira, de 14 anos, que estava em coma desde a semana passada após ser agredido em Ferraz de Vasconcelos, Grande São Paulo, por ser filho de um casal de homossexuais.


Sem palavras para exprimir o que senti ao receber tal notícia. Por isso, peguei trechos de várias pessoas (sim, existem muitas pessoas que não aceitam esse tipo de violência!) para fazer dessas palavras as minhas também, quem sabe assim criando uma rede de defesa pela família brasileira.

Afinal, família pode ser constituída de muitos jeitos - o que vale são os laços afetivos e de responsabilidade uns pelos outros.




"Mais uma morte de um jovem vítima da homofobia que tantos insistem em dizer que não existe... em nosso país.
Justo hoje, no dia em que, pela primeira vez num discurso oficial, a presidenta Dilma Roussef pontuou claramente o que é homofobia - a violência contra LGBTs que se manifesta em humilhação, agressão e assassinato. Quantos mais jovens, LGBTs ou não, vamos ter que perder antes de admitir que o discurso de punir tal violência em lei não é exagero?
Quantos ainda terão que pagar com suas vidas antes de acabarmos com os descalabros que são projetos como o estatuto da família, desarquivado recentemente pelo presidente da Câmara e que viola princípios constitucionais, ao institucionalizar a discriminação?!" (Jean Wyllis)


"Abriu-se uma fenda enorme em mim, ao escutar sobre a morte do filho do casal gay assassinado como fruto da intolerância e da homofobia, já endêmicas em nosso país. Esta morte nos retrata, nos desvela. Há uma sombra funesta sobre nós, brasileiros. Todos somos parte desta tragédia, todos somos responsáveis pelo sofrimento e pelo fim da vida deste jovem garoto.
Precisamos tomar como nossas estas mortes. Sentir em nós o peso de séculos de uma cultura que normaliza a exclusão, transformando o diferente em alguém que merece a invisibilidade e a solidão. Enquanto formos pessoas que sobrevivem simplesmente dizendo “que horror” a barbáries como estas, sem contextualizá-las com a franqueza que costumamos fazer com aquilo que nos é caro, perpetuaremos a sociedade que oferta como destino a estes diferentes o silêncio das covas rasas. Saiamos, então, do “que horror” acéfalo. Estas mortes acontecem porque nós aceitamos que eles não são uma família, e porque desta rejeição decorrem todas as suas psicopatologias graves, incluída esta ação psicopática de aniquilação da diferença. Esta morte aconteceu porque, como tantas outras, representa um país que faz do recalque da sua sexualidade a justificativa de cada violência que pratica.
Não conseguimos ver, incólumes, pessoas que conseguem assumir o que sentem, o que são e o que querem.
Não somos capazes de admitir que, em tantos momentos, quereríamos sair de nossos armários, não somente os sexuais.

Quando uma família gay se constitui, sentimos muito mais do que um estranhamento a este tipo de arranjo familiar. Podemos sentir inveja, porque ocultamos muitos dos nossos desejos durante a vida, temendo o rechaço social e familiar. E ver alguém que não se dobra ao status quo é no mínimo incômodo. Podemos acessar nossas vergonhas, lamentando com nossos travesseiros o que não conseguimos ser daquilo que sonhávamos poder realizar com o tempo e com a energia de que dispúnhamos. Precisamos encontrar nossos reflexos no espelho e desculparmo-nos de quem conseguimos ser, quando a intolerância aparece como máscara deste despeito.
Ao enfrentarmos as dívidas que contraímos com nossas próprias promessas de futuro, estamos libertando nossas emoções para se transmutarem em ações honradas de resgate da coerência perdida. E, sobretudo, promovemos saúde social para um país que ainda se orgulha de fomentar a crença machista e heterossexista que oprime, segrega e mata.
Tudo o que eu mais queria, hoje, era ofertar meu abraço, minhas lágrimas, minha ação profissional a estes pais, dilacerados pela barbárie, protagonistas do pesadelo do qual o amor que os uniu tentou fugir, mas tão somente se deparou com a impotência diante de uma cultura covarde e assassina. Pelo filho deles eu choro. Com vergonha desta face de nós, que maquiamos por trás do ufanismo verde e amarelo a violência que é o avesso do amor que deveria ser nossa ordem e nosso progresso." (Alexandre Coimbra Amaral)


Por fim, outras duas indicações...

O filme "As melhores coisas do mundo" dirigido ao público adolescente, que aborda questões importantes como essa se maneira séria e leve ao mesmo tempo. Bem interessante e pertinente...



Minha "religião" é a fé na vida, mas reconheço a importância de figuras espirituais e políticas como o Papa em nossa sociedade. Esse, em especial, tem me proporcionado gratas surpresas com suas palavras e gestos... de amor! Como na reportagem abaixo em que o Papa Francisco recebe, no Vaticano, um transexual dizendo-lhe: "Deus aceita-te como és!"

http://www.geledes.org.br/papa-recebe-transsexual-no-vaticano-deus-aceita-te-como-es/#axzz3QmVZKF5u

É nesse Deus que acredito! Nesse Deus que me dá forças para caminhar mesmo diante de tantas injustiças... Que o menino Peterson seja recebido por Ele e consiga emanar boas energias aos seus pais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário