terça-feira, 3 de março de 2015

Casa da bagunça

Hoje é dia de passar a manhã com meus 3 filhotes... adoro!!!

Uma manhã onde acontece de tudo: risos, choros, elogios, broncas, surpresas, repetições, acordos, testes, brigas, abraços, competições, ajudas. Empurrões, em todos os sentidos. Brincadeira com todo mundo junto, só as crianças, uma dupla, sozinho ou sozinha. Fazer igual, fazer diferente. Falatório, olhares, barulho, silêncio, movimento, concentração. Admiração, preocupação, ajustes e mais ajustes nas relações. Fantasias, roupas, sapatos, colares e saias (muitas saias) da mamãe. Livros, carrinhos, aviões, bonecas, super-heróis e super-heroínas, príncipes e princesas, lobo mau, bruxas, monstros. Panelas, comidinhas, canetinhas nos papéis, nos corpos.  Negociações sobre televisão e cineminha. Esconde-esconde, susto, pega-pega, pulos, cambalhotas. Construções, invenções. Música, dança, ciranda... tudo numa grande ciranda da vida!

Uma manhã ao mesmo tempo intensa e corriqueira, especial e normal, e talvez exatamente por isso tão repleta de verdade, movimento, inteireza, descobertas e potência.

As manhãs que passamos juntos durante a semana são para mim ainda mais especiais, já que são só algumas. Contudo, para eles, a essência das manhãs que passamos juntos não restringem-se às manhãs que passam comigo.

Para eles, trata-se de uma manhã que não é só uma manhã. É o dia todo, é todo o dia, todos os dias.

Ter a certeza disso, acalma meu coração e permite que tanto eu como eles nos dediquemos a outros mergulhos em nossas vidas.

“Brincar é afirmar a vida, é alegria, é viver em plenitude e liberdade.”  (Lydia Hortélio)

Assim, todos os dias a vida passa por aqui, em nossa casa. Casa pequena, casa do aconchego, recheada de amor, brincadeiras e, claro, de bagunça, muita bagunça!!!

"É importante ter paciência com esses momentos de explorações das crianças." Esse pensamento tem sido um mantra para mim, nos momentos que quero acabar com a brincadeira por causa da bagunça. Grande desafio!

Ainda mais porque o oposto: liberar tudo, não criar cenários favoráveis, não ensinar algumas regras, não fazer acordos significa abandonar as crianças, nos ausentando de nosso papel de sermos modelos, apoios e promotores de seus processos de desenvolvimento e até mesmo sendo injustos para com elas, quando cobramos comportamentos que não podem vir a construir sozinhas.

Desafio ainda maior quando refletimos sobre os dois extremos dessa questão, porque a resposta está no meio, no equilíbrio; um equilíbrio que não é o mesmo para cada um. Cada um de nós, como em tudo na vida, vai precisar se empenhar para criar o próprio funcionamento, do jeito que mais faça sentido e seja respeitoso com a história de todos os envolvidos. Num exercício constante de construção e reconstrução na medida que as crianças crescem e nossas relações com elas mudam, e o que é de essencial precisa ser preservado.

"Brincar é o último reduto de espontaneidade que a humanidade tem." (Lydia Hortélio)

Muitas vezes, meus filhos, por exemplo, querem nos encher de presentes e num piscar de olhos estamos segurando livros, carrinhos, ursinho de pelúcia, roupas, colheres, espremedores de batatas etc. O gesto em si é uma lindeza só, mas precisamos nesses momentos apontar, dar contorno, agradecendo os presentes e avaliando o momento: se estamos com pressa, se temos tempo para depois arrumarmos (junto com as crianças), se temos que destinar um espaço específico para essa brincadeira e restringir outro, se existe um jeito de fazê-la que permita que a brincadeira aconteça sem ser tão desorganizada (aqui em casa funcionou combinar o uso das barracas para colocar todos esses presentes), se elas têm outra ideia para essa questão (que nem sempre aparece por meio da fala em uma conversa, mas na nossa observação e interpretação de seus gestos e escolhas).

Assim construímos junto com as crianças o que naquele momento é viável ou não, com flexibilidade,  como também avaliamos e fazemos ajustes e tomamos cuidado para que nós, adultos, não coloquemos nosso espírito nelas. A maravilha é quando o contrário ocorre, e nessa construção e reconstrução permanente das relações afetivas somos resgatados em nossa meninice por meio dessa infância potente e vibrante e construímos outros modelos de como viver junto, nos reinventamos.

"Eu tô pela revolução que falta que falta que é a revolução das crianças." (Lydia Hortélio)

Nossos filhos vieram para bagunçar nossas vidas, e o mais surpreendente de tudo é que quanto mais eles bagunçam mais nos movimentam e dão sentido às nossas existências.

"Nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar." (Oliver Wendell Holmes)

Por fim, segue um vídeo que encontrei na internet, achei que de um jeito fofo ilustra bem essas explorações e porquê as mães (pais, avôs etc) chegam ao final do dia com a sensação que não fizeram nada...rs

3 comentários:

  1. Ju,
    Exatamente como aqui em casa!
    Eles vieram para bagunçar nossas vidas, dar movimento e significado para todas nossas ações.
    Obrigada por compartilhar esse vídeo!

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    Respostas
    1. Exatamente Carol!
      Uma bagunça danada e extremamente deliciosa!!!
      beijo grande, obrigada pelo retorno

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  2. Ju,
    Exatamente como aqui em casa!
    Eles vieram para bagunçar nossas vidas, dar movimento e significado para todas nossas ações.
    Obrigada por compartilhar esse vídeo!

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