sexta-feira, 24 de julho de 2015

Fazer malas é muito mala!

Desculpem-me o trocadilho, mas para mim fazer malas é a coisa mais mala que existe no mundo.

1. Não sei fazer malas.
Não tenho o poder de síntese e nesses momentos meu espírito taurino que prima pela segurança se fortalece e a expressão "e se" ganha sempre. "E se fizer frio", eu penso, e então coloco um monte de blusas quentinhas, "e se fizer calor" e coloco biquíni, sabendo que não vou usar, "e se nesse lugar finalmente eu usar daquele roupa que há tempos comprei, e coloco sabendo também que não vou usar.

Mas você pode pensar que a minha mala é muito eficiente, porque carrego tudo. Mas então voltamos ao...

1. Não sei fazer malas.
O fato de eu levar um monte de coisas não significa que estou preparada para todas as situações, porque acabo levando itens desconectados: uma blusa linda que daria super certo no lugar, mas sem ter uma calça que combina. E olha que não sou ligada a moda, inclusive porque se o fosse cuidaria mais desse aspecto, mas é que tudo feito sem calcular direito.

2. Não gosto de fazer malas.
Adio o máximo possível começar essa tarefa e quando começo tento fazer alguns cálculos na cabeça sobre números de dias e noites e projetar lugar, tempo e eventos para fazer as escolhas. Já tentei escrever nessa etapa para poder me organizar melhor, mas não obedeci a mim mesma. Assim, é muito comum eu levar biquíni quando não precisa e quando precisa, eu não levar e me arrepender um monte.

3. Minhas malas são enormes.
Como não gosto e não sei na maioria das vezes levo tudo em excesso, ainda que desconectado e minhas malas ficam gigantes. Quando mais novas chegava ao cúmulo de jogar a gaveta inteira de cada item, se era praia, por exemplo, jogava todos os biquínis mesmo tendo aqueles que nem serviam mais.

Coleciono histórias bizarras sobre minhas malas grandes.... Como da vez que eu e minha amiga rodando o sul do país não conseguíamos mais carregar o peso de minha mala e então tivemos a ideia de alugar um quarto só para deixar as bagagens até regressarmos. Em Cuba aconteceu o mesmo, mas nesse caso resolvi ir doando minhas roupas a cada pessoa querida que conhecia pelo caminho. Por outro lado, no final da viagem com o dinheiro que sobrou comprei todas as esculturas de uma feirinha de artesanato e no aeroporto, enquanto uma moça terminava de fazer trancinhas no meu cabelo, eu tentava convencer os funcionários a liberarem minha bagagem, que estava pesadíssima, porque não tinha mais dinheiro para pagar pelo excesso. Consegui!

4. Uso sempre as mesmas roupas.
E o mais interessante é que levo um monte de coisas e uso sempre as mesmas coisas. Fico muito intrigada com essa minha dificuldade. Na vida cotidiana não tenho problemas em decidir minha roupa, mas nesse momento de fazer mala me sinto perdida...

5. Não sei o que vai acontecer.
Em grande parte a graça da viagem está na surpresa, em não saber o que vai acontecer, o que nos provoca um misto de sensações. Gosto disso, ficar imaginado o que me espera, me abrir ao desconhecido, à experiência. Mas daí na hora disso se concretizar em escolhas baseadas em hipóteses eu fico bem perdida... já falei isso, né?

6. Sou esquecida
E para completar o quadro de perdição a pessoa aqui ainda por cima é esquecida. Sou a campeã de esquecer toalha!

7. Sou atrapalhada.
Até conseguia organizar a mala para viajar, mas durante a viagem não conseguia de jeito nenhum manter a arrumação. Tudo misturava, tudo andava, tudo sumia.

Saldo até o momento: mala enorme, desconectada, com coisas que não vou usar e com ausência de coisas que preciso usar, numa bagunça só.

Então virei professora... Lembro-me do primeiro acampamento que levei meus alunos e minha colega de trabalho gritou no chalé: "De quem é esse tênis aqui fora?". Era meu. Quase morri de vergonha, mas levei comigo essa lição, como precisava avançar, crescer, me diferenciar das crianças. E fiz alguns avanços.

Então virei esposa... E nada mudou, porque faça-me rir que vou fazer mala para marido.

 De todo modo ver Luiz fazer uma mini mala, organizada do início ao fim da viagem me ajudou um pouco. Temos dividido o espaço da mala grande algumas vezes, o que me obriga a selecionar minha bagagem e deixar tudo arrumadinho.

Então virei mãe... E quando se é mãe não se tem muita opção de querer ou não mudar para avançar. A vida te empurra nessa direção, ainda bem. Essa é a dor e a maravilha de ser mãe. Você se confronta com suas dificuldades, muitas das quais fugiu de enfrentar por toda a vida mas agora, tendo seres que dependem de você, continuar fugindo torna-se insustentável. É preciso enfrentar, e a beleza reside aí ao ter seus filhos como seus inspiradores e também companheiros em sua trajetória.

Só para constar...

Até o momento eu continuo não gostando de fazer malas, mas já aprendi um monte a esse respeito. Não só sobre as minhas malas, mas sobre as malas dos meus filhos. Como era penoso no início fazer as escolhas para os três.

Mateus, o primeiro, aquela inexperiência total que me fazia levar tudo e mais um pouco, aquele pânico de esquecer alguma coisa e alguém me julgar como péssima mãe, aquele medo de seu filho sofrer porque você não conseguiu cuidar bem dele. Ainda bem que a gente pode (e deve) fazer o exercício de nos libertarmos de todas essas amarras - tenho falado muito sobre isso por aqui. podemos inclusive aprender a rir sobre nosso jeito atrapalhado, dar mais leveza às nossas vidas até para permitirmos que nossos filhos nos conheçam por inteiro, com nossas limitações e enorme vontade de nos superarmos, o que certamente será uma lição para ele sobre a forma que aprende a lidar com suas dificuldades também.

As meninas vieram num momento mais tranquilo de minha maternidade, já conseguia fazer boas escolhas e lidar bem com os inevitáveis erros. O desafio nesse caso é que elas são duas! Então, por conta disso, mais ou menos melhorei na questão do excesso de bagagem...

Atualmente tenho me esforçado em avançar nas questões de gênero. Atualmente faço a mala de Mateus com meia dúzia de shorts e camisetas, um casaco, um tênis e um chinelo e só. Já as meninas... ai que difícil! Muitos tipos diferentes de shorts, de camisetas e tudo mais, uma chateação. Mas sei que com a cabeça nisso daqui a pouco vou caminhar nesse sentido, e cada vez mais em companhia dos três que já palpitam nessas escolhas, umas graças! Outro desafio, também relacionado a gênero é conseguir deixar Luiz assumir essa tarefa. Essa pressão em cima das mulheres é tão grande que não conseguimos nos desprender, deixar os homens assumirem funções desse tipo. Luiz já é o responsável oficial pela mochila de natação do Mateus, e tirando um dia ou outro que esquece algo (mas quem sou eu para reclamar?), o esquema tem funcionado.

Estou vendo o dia que vou conseguir fazer uma mala supimpa para cada um, mas eles vão querer fazê-las totalmente sozinhos, eita vida complicadinha... e maravilhosa!!!

Por tudo isso, tratemos de aproveitá-la!

Julho, férias, muitas mini viagens, o que em outras palavras quer dizer: muitas malas feitas, desfeitas e feitas novamente... Uma loucura só, junta-se a isso as muitas roupas sujas para administrar...rs. Mas vamos rir disso tudo, porque afinal esse é um ótimo problema. Viajar é bom demais! Mil vezes enfrenta-lo a ficar com as malas mofando no armário.

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