terça-feira, 21 de julho de 2015

Feliz dia do amigo! Com suas delícias e desafios...

Dia do amigo, "troço besta" pensei num primeiro momento. Depois, confesso que senti uma tristeza, espécie de melancolia... Na verdade, saudade mesmo.

Já tive todo tipo de amigo e amiga. Amigo de longa data, de apenas um período, uma viagem, um dia. Amigo legal, amigo chato, amigo que era legal e virou chato e que era chato e virou legal, amigo que é chato e eu tolero, amigo que é legal e eu deixo escapar. Amigo legal, mas chato no facebook. Amigos que me aguentam, outros nem tanto, que gostam dos meus filhos, outros mais ou menos.

Amigos palhaços, mais tristonhos, intelectuais, baladeiros. Com noção, sem noção, com graça, sem graça, pra muitas situações ou só pra algumas. Pra viajar, pra ir ao cinema. Pra falar da vida, pra escutar. Pra ter que que orientar, pra se inspirar. Gente que me surpreendeu, que fez a diferença.

"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre". (Cecília Meireles)

Em nossas trajetórias temos frequentemente encontros e desencontros, em geral, ter um ou outro tem a ver com estarmos abertos para o encontro com o outro, assim como ele também. De todo modo não conseguimos nos manter abertos o tempo todo. Faz parte do delicado equilíbrio da vida. Abrir e fechar.

"Os opostos se distraem. Os dispostos de atraem" (Fernando Anitelli)

Em meio a essas reflexões muitas e muitas lembranças povoaram minha cabeça. Imagens de riso e de lágrimas como não poderia ser diferente, porque é disso que é feito a vida. E logo me enchi de alegria e emoção ao perceber que em muitos momentos tinha um ou mais amigo ao meu lado. E olha que nunca gostei de ficar grudada em ninguém. Em alguns momentos, inclusive, me afastei de pessoas queridas porque estávamos próximas demais, não conseguia mais distinguir quem era eu, quem era ela, se a escolha por uma roupa ou um programa tinha sido ideia minha ou do outro.

Vivenciar uma experiência coletiva é algo profundamente transformador e importante, contudo, para mantermos o equilíbrio da vida é preciso também vivenciarmos nossa subjetividade singular. De novo, abrir e fechar.

Nesse processo inevitavelmente cometi erros ao me afastar de algumas pessoas queridas, principalmente quando o fiz por diferenças. O exemplo mais clássico é minha prima Talita que até hoje amo de paixão e tenho uma afinidade enorme, acho que encontro de outras vidas. Aos 16 anos, mais ou menos, numa boa, nos afastamos devagar por não compartilharmos mais dos mesmos programas. Outras vezes não escolhi me afastar, mas na correria não consigo conviver da maneira próxima como gostaria. Contudo, tenho certeza da verdade de cada sorriso e lágrima compartilhado.

Para você meu amigo, minha amiga, agradeço tornar minha jornada mais leve e desejo que a vida nos reserve mais momentos prazerosos.

"Penso que o céu sendo sendo redondo, um dia nos encontraremos..." (Cecília Meireles)

As redes sociais são uma possibilidade para voltarmos a ter mais contato com pessoas perdidas pelo caminho. Essa ideia me encanta, e me faz permanecer ativa, trocando olhares, acompanhando de perto quem estava longe. Hoje mesmo vi uma lindeza ao abrir o facebook: um amigo das antigas, o Fabio segurando o filho pela primeira vez nos braços, isso é fantástico. Seja bem vindo Eduardo!!! Há outro sentido nesse nosso viver senão esse? Termos a chance de continuar criando redes de empatia para com o outro que mesmo diferente é igual da gente.

Mas tem o lado maluco disso tudo que é a ausência de contato cotidiano. Vira e mexe me assusto com algumas cenas, seja de pessoas que considero muito cordiais e respeitosas de repente expondo um preconceito ou grosseria tamanha, ou o contrário, pessoas que mal me cumprimentam pela rede são super carinhosas, seja de pessoas que expõe demais a intimidade "estou no banheiro", "uso tal papel higiênico", "hoje a coisa foi difícil de sair" e por aí vai, ainda mais com gente que não tenho essa intimidade, nessas horas eu só penso "eu não precisava saber disso". Os momentos complicados também envolvem quando você vê uma foto de um encontro que você gostaria de ter estado junto, mas não estava, invejinha (da boa) bate nessa hora ou quando você se posiciona em relação a algum assunto e alguém te rebate, às vezes é preciso relevar, faz parte do jogo democrático, mas às vezes não dá, pois a pessoa falou algo que você simplesmente abobina! Saia justa quando é uma amiga da sua mãe ou um amigo da infância, porque não é alguém que logo você vai encontrar numa boa e dizer: "olha, é apenas um embate, legítimo e saudável, de ideias.", então não se sabe como a pessoa vai encarar sua resposta, necessária.

Desde a época das eleições temos vivido muito esses embates no facebook, uma polarização das ideias, as pessoas se rotulando ou é petista ou antipetista, ou é petralha ou coxinha... Uma divisão que em parte serviu para algumas máscaras caírem e podermos reconhecer o quanto já avançamos, mas ainda estamos há anos-luz de distância de sermos uma sociedade ética, e por outra parte, serviu para dificultarmos a construção desse nosso outro modo de viver, uma vez que nos separamos, nos magoamos e pior, nos iludimos. Sim, porque acreditarmos que travar uma discussão no facebook e algo democrático é falso. Não são todas pessoas que estão nessa rede e os algoritmos que ela usa para socializar nossas postagens são suspeitas, uma vez que se baseiam nas pessoas que mais acessamos, por exemplo. Assim como na vida que fazemos escolhas de amizades, permanecendo em geral entre nossos similares e na rede acreditamos que estamos entre uma diversidade de amigos quando na verdade estamos circulando apenas entre os que nos agradam. Do mesmo modo as nos iludimos que as postagens mais populares são unanimidades quando não o são necessariamente.

Tem esse link que mostra uma experiência interessante para ilustrar como essa rede cria uma falsa ideia de que estamos totalmente interligados e todas postagens têm mesmo modo de operar quando não é bem assim. http://www.usabilidoido.com.br/o_jogo_de_esconder_e_mostrar_do_facebook.html

Me dei conta da bolha social que vivemos. No facebook realmente são as mesmas pessoas que curtem minhas postagens assim como são as mesmas que costumo ler o que indicam. Até então não tinha me dado conta disso de como vamos sim nos agregando e fugindo do novo, do diferente. Justo eu que defendo esse contato e o exercício desse diálogo com o outro, diferente. Seres humanos complexos nós somos!

Fui então mexer na minha configuração até porque tenho umas listas de privacidade (sou um pouco paranoica com isso) e me dei conta descobri que algumas pessoas de minha lista eu não seguia e assim em nada tinha conato com elas. Fui seguindo todo mundo e me impressionei de novo com o que vi, tanto ao ver algumas bobagens como boas surpresas e outras tristes como descobrir que minha amiga de colégio, a Paty, está internada na UTI em estado grave. Força, minha querida, eu e as meninas estamos com você em pensamento!!! Sim, já nos conectamos todas as meninas dessa época e de novo, nessas difíceis horas, a gente sente e entende a importância de ter gente querida por perto.

Gente que te conhece, que deixou marca, que deu sentido à sua história, que acredita e torce por você. Gente que você adora, que te ajudou, te inspirou, te fez acreditar que a humanidade vale à pena! Gente que é gente como a gente.

"Eu relo em você. Você rela em mim. Nós temos uma relação". (anônimo)

Eu acredito muito em nossa imensa capacidade de sermos solidários uns com os outros assim como acredito que a única coisa que pode condenar nossa espécie é justamente a ausência desse sentimento. Acredito tanto no poder de nossas conexões que coloquei mais três seres nesse mundo. A eles, a quem só desejo o melhor sempre, torço para uma vida repleta de boa companhia!!! Que possam desfrutar desses presentes que são os muitos amigos que cultivamos em nossas trajetórias e que possam fazer a diferença na vida deles. Mandar energia boa como agora mando para a Paty.

Quando minhas meninas nasceram uma amiga minha, a Cibele, que também é gêmea me disse algo que me tocou profundamente: "Eu nasci com a minha melhor amiga". Assim impossível não compartilhar nesse momento uma imagem dessas minhas duas meninas, grandes parceiras! 

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