domingo, 7 de agosto de 2011

Para refletir: Processo de adaptação

Processo de adaptação de volta às aulas foi o grande assunto aqui em casa dessa semana. Por isso fui ler a respeito; textos antes lidos por mim antes apenas como educadora, mas agora como mãe também. Nessa busca reencontrei (com novos olhos) essa preciosidade escrita por Madalena Freire, grande educadora que trata de todas as inúmeras adaptações que enfrentamos em nossas vidas e como elas mexem com a gente.

Processo de adaptação

Processo de adaptação, momento de início de gestação. Às vezes, dá enjoo, outras não dá. Às vezes, medo, dúvidas de deixar o filho crescer ou não, tirar, sair, não enfrentar o novo, o desafio. Outras vezes a alegria da chegada de um começo de uma nova vida em gestação: processo de adaptação. Lembranças de outras gestações. Diferenças. Maior segurança nessa, mas sempre única, nova gestação. Porque é sempre um novo começo de encontro com a vida. sempre aprendizado, sempre coração batendo, boca seca, exacerbações no que sou, no que cada um é. Aprendizado de ouvir o outro, aprendizado de falar, aprendizado de me enxergar, de me expor. Maior entendimento com a criança "chorona" que lá dentro de mim joga seu medo nos outros ou diz que não o tem, para não enfrentá-lo.


Processo de adaptação: tempo de aprendizado:
- com o meu descompromisso, comigo mesmo e com o grupo;
- com a minha não entrega ao grupo, ao outro;
- com a minha intolerância ao novo do outro;
- com a minha arrogância e prepotência em relação ao não saber do outro.


Processo de adaptação, sempre "banho" com os outros e comigo mesma. A água, às vezes, vem fria, outras, morna, outras vezes fervendo! Ainda não sei medir o fluxo e a temperatura adequada..., não existe processo de adaptação sem banho (neutralidade), sem se molhar. Não existe embrião fora da bolsa d'água..., não existe adaptação sem o desejo, a disponibilidade de se entregar ao risco de conhecer, fazer novo. Risco da entrega na busca permanente de conhecer o outro e a mim mesma, oferencendo-lhe o velho, o meu mais querido presente.


Processo de adaptação, nunca termina, está reiniciando-se sempre. sempre envolvido pelo medo do novo, que mexe com um pedaço meu que começa a nascer. Esconder-me, lamuriando-me ou vangloriando-me de tudo que já sei, fugir..., não levará ao enfrentamento das dores das contrações que o parto provoca.


Às vezes, faz-se necessária a intervenção de um bisturi afiado de educador, uma cesárea... para a vida, um novo conhecimento nascer.


Toda essa dor, toda essa ansiedade, esse medo traz a alegria, a emoção e o prazer de ver a cara da criança. Ter o recém-nascido, o novo conhecimento nas mãos. 

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