quinta-feira, 26 de maio de 2011

Comilanças

Estou penando para me acostumar com essa jornada tripla: ontem, por exemplo, fomos dormir 0h, porque ficamos fazendo a papinha do Mateus, ou melhor o Luiz ficou; eu só fiquei lavando louça e cortando e amassando os legumes, e mesmo assim já fiquei exausta.

Mateus mama no peito de manhã e na hora do almoço desde o começo da semana tem comido papinha. Pelo menos até agora está gostando! Às vezes puxa a colher da minha mão de tanta ansiedade que tem em comer. Depois, já na escola, come uma fruta. Ele também gosta, mas temos reparado que quando está muito frio ele não come... e se pararmos para pensar não dá mesmo muita vontade de comer fruta no frio, né? Depois ele mama na mamadeira o leite que eu tiro (ainda preciso contar dessa saga...), em casa mama no peito antes de dormir pra valer e uma vez de madrugada.




Desde o início gostei de amamentá-lo. Às vezes ficava com torcicolo de tanto olhar para baixo para contemplá-lo. Com o tempo ele passou a interagir mais e mamava me fazendo carinho, segurando a minha mão, olho no olho, demais. Um momento só nosso, único, sublime. Já falei aqui outras vezes do quanto me sentia orgulhosa em poder nutri-lo com o meu leite, e como disse Maria nos sentimos poderosas em saber que ele está crescendo tanto por conta de nossos cuidados. Ao mesmo tempo às vezes sentia medo por tanta responsabilidade em minhas mãos, ou melhor, nos meus peitos. "E se eu faltasse um dia? E se meu leite secasse?" foram algumas das perguntas que me vinham à cabeça nesses momentos. Acho que por isso nunca lidei muito bem com as regurgitações, de alguma maneira sempre me remetia a ideia de que o meu leite, uma das coisas mais preciosas que oferecia a ele não tinha serventia. Na época ainda da licença maternidade também tinham momentos que eu ficava com vontade de retomar minha vida e nesses momentos me perguntava quando ele começaria a comer outras coisas.... 

Agora, com a entrada de outros alimentos continuo num maremoto de emoções distintas: fico orgulhosa e tranquila em saber que o pequeno come bem outras coisas e mama bem na mamadeira, mas claro fico saudosa de nossos tantos momentos só nossos... parece que esses momentos estão acabando rápido demais - até porque tenho tido diversas reuniões à noite e nesses momentos perco a chance de amamentá-lo. Além do mais, dar peito é a opção mais barata do mercado (rs) e a mais prática: é só tirar o peito e colocar na boca do bebê. Dar mamadeira exige um cuidado constante com a esterilização - já queimei diversas mamadeiras por esquecê-las no fogo, exige disciplina, tempo e sorte para tirar bastante leite, um cuidado com a temperatura para locomover o leite sem estragá-lo e um espaço na cozinha para guardar tanta coisa. Dar fruta exige comprar com frequência frutas selecionadas e entender delas para saber escolhê-las (tem que comprar uma boa para amanhã, outra boa para depois de amanhã e assim por diante). E dar papinha a mesma coisa: saber escolher os ingredientes, saber cozinhar (ainda bem que o Lu sabe) e um cuidado na hora de amassar e congelar. Aff!

No fundo, amamentando no peito ou não a responsabilidade pelo bem-estar do bebê continua em nossas mãos, e como diz o texto de Leboyer na postagem anterior: o medo que sentimos em não dar conta do recado continua sempre ao nosso lado. No meu caso, o medo de não conseguir gerenciar e saborear todas os sabores deliciosos presentes na grande mesa de minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário