sábado, 7 de maio de 2011

A volta

Fiquei "fora do ar" esses dias por conta da adaptação de Mateuzinho à escola, da minha volta ao trabalho e da tendinite que piorou - muita coisa! Mas de qualquer maneira tinha que registrar aqui esse meu momento.

Como boa taurina que sou, apesar de achar que as mudanças são importantes para a movimentação da vida eu não gosto muito delas não... Mas como são inevitáveis eu  tenho um jeito de funcionar que em geral me ajuda bastante no caso das mudanças anunciadas como no caso do fim de minha licença-maternidade: eu vivo todas as emoções previamente e intensamente como se estivesse ruminando todas as questões envolvidas e quando a mudança chega eu já estou preparada e até desejosa de vivenciá-la. Foi o que aconteceu... Chorei, chorei, chorei... mas na quinta-feira mesmo, quando deixei Mateus na escola para ir trabalhar, eu estava mais tranquila... sentindo o frio na barriga típico de primeiro dia de aula... uma delícia!

Fui recebida com muito carinho pelas crianças e equipe de colegas. Me senti muito querida e isso me fez um bem danado!!! Claro que o maior assunto de todos que se aproximavam de mim era: "Como vai o Mateus?" (rsrsrs)  Mas achei isso delicioso... As crianças que o conheciam por meio de fotos e relatos meus que trocamos enquanto estava afastada estavam cheias de perguntas sobre ele e não sobre mim... "Ele já engatinha? Ele continua fofinho? Ele é sapeca? Ele continua brincando de esconde-esconde com os cachorros? Ele continua se vestindo de super-herói? E de Chapolin?". Fofos! Quando reclamei que ninguém fazia perguntas sobre mim eles começaram: "Quantos anos você tem? Quanto você pesa?", ai, ai... estava melhor falar sobre o Mateus... hahahahaha

Nesse primeiro dia estava me sentindo uma professora de "inclusão" com a Mayra precisando me informar e orientar sobre tudo... É como se tivesse feito uma viagem a outro universo... muito esquisito. Mas imagino que toda recém-mamãe que volta ao trabalho se sente assim também. Em compensação dá uma sensação boa de estar num ambiente muito conhecido... Falei muito sobre o Mateus, já que as pessoas perguntaram, mas não fiquei encanada pensando se ele estava bem ou não, o que representa um grande passo para eu conseguir voltar a mergulhar no trabalho. Certamente não será ainda um mergulho profundo, já que estou fora de treino, mas com dedicação e tempo eu vou conseguir estreitar meu vínculo com as crianças e me inteirar mais do trabalho realizado. Uma criança até disse: "Nossa, você tanto que eu até tinha esquecido seu rosto" e a outra complementou: "É... você faltou um ano". Pois é, a noção de tempo é mesmo subjetiva, mas eu concordo com ele... parece mesmo que estive ausente desse mundo por uma eternidade...

Como já escrevi na postagem anterior não sei bem como será essa minha volta: o que mudará e o que permanecerá em mim e na minha atuação como professora, pois agora tem um pequeno que invadiu o meu coração e isso torna a minha relação com o mundo muito diferente.

Bem brega a comparação que farei, mas não consegui pensar em outra: é como se meu coração estivesse dividido em 8 fatias de pizza de distintos sabores. Tem os sabores do medo do novo, da dor da minha separação do meu filho, da vontade em ficar com o pequeno, da ferida por não voltar à ONG onde trabalhava também, da satisfação em estar de volta numa sala de aula, do desejo em fazer parte da formação dessas crianças, do orgulho por resgatar uma parte de minha independência e da fé em ficar bem.

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