domingo, 1 de maio de 2011

Reflexões de uma adaptação

Os últimos dias da adaptação de Mateuzinho à escola foram muito sofridos...
para mim, claro!!! rsrsrs

No terceiro dia as professoras pediram que eu ficasse fora da sala - uma intervenção importante nesse processo e que não era nenhuma surpresa para mim. Por vários motivos achei que iria tirar de letra essa questão: como professora já vivencei várias vezes esse processo, estou tranquila em relação à importância de uma escola na vida de uma criança e à escolha dessa escola para o meu filho, nos primeiros dias de adaptação eu já vinha dando uma escapadinha para beber água e ir ao banheiro e fazia isso sem pressa nem preocupação e também, porque como contei em postagens anteriores algumas vezes eu me esforcei para fazer coisas sozinha e retomar devagarinho algumas coisas de minha vida - e de coração comemorei cada conquista. Mas confesso que fiquei balançada, acho que pela primeira vez a escolha de sair ou não ao seu lado não foi minha, dessa vez eu precisava sair para que Mateus e eu nos acostumássemos a essa nova situação em nossas vidas.

Segurei as lágrimas, pois estava na recepção da escola e me forcei a ler o jormal sobre todos os detalhes do casamento real britânico. Foi bom, porque me distraí - até aprendi a receita do bolo real feito para durar mais que o casamento (?). Mas não teve jeito, vira e mexe voltava à minha cabeça a parte mais difìcil da minha saída da sala: falar para ele que ficaria lá fora enquanto ele aproveitaria a escola.

Quando estava saindo de fininho a professora pediu que eu contasse a ele que estava saindo, mas eu não queria falar não, queria mesmo era sair nas pontas dos pés só para não ter que me despedir... Nesse momento entendi os pais de meus alunos quando eu, como professora, também pedia a mesma coisa para eles. Depois, respirei fundo e falei a ele, pois sei que é a coisa certa a se fazer para mantermos uma relação de respeito e confiança. Nós dois estamos vivenciando uma situação nova, mas um adulto tem mais condições (ou pelo menos deveria ter) de lidar com situações novas de uma maneira tranquila enquanto que mais uma vez os pequenos dependem da gente para desenvolverem suas emoções de uma maneira sadia e se sentirem amados e não abandonados. Assim, meu filho precisa de apoio para se sentir seguro e conseguir construir novas relações de afeto positivas, e eu farei de "um tudo" para dá-lo.

Mas uma coisa que percebi apenas agora é que falar ao filho sobre o que está acontecendo torna a coisa concreta para todos os envolvidos, pois foi apenas depois da nossa despedida que me dei conta de que as coisas iriam mudar de verdade. Um pequeno grande passo importante para mim.

Enquanto isso... Mateus aproveitou a escola!!! Não aceitou dormir lá, mas brincou muito... Eba!!! Nosso esforço está valendo à pena.

No dia seguinte, com muita delicadeza me disseram na escola  que caso eu quisesse sair pelas redondezas - que tem restaurantes, comércio e até mesmo um museu (como se naquele momento eu tivesse cabeça para apreciar obras de arte...rs) eu poderia ir, porque qualquer coisa eles me ligariam na mesma hora. Respirando fundo e fazendo pose de que estava lidando muito bem com aquilo tudo eu fui... Na rua só dava eu parecendo uma louca chorando demais da conta... Por sorte estava de óculos escuros e chorei, chorei muito, porque mais uma ficha tinha caído: essa nova situação de não estarmos mais juntos o tempo todo exigia que a gente tocasse nossas vidas numa boa enquanto estivessemos separados. E foi o que tentei fazer depois que me acalmei...

Fui ao banco pagar umas contas, dei uma olhada numas lojas de roupas e sapatos sem o menos pique de comprar nada, fiz a unha e tomei um chá na padaria... Claro que é bom conseguir fazer as coisas sem me preocupar tanto com o pequeno e voltando a pensar em mim, apenas em mim - já disse isso aqui outras vezes, mas ao mesmo tempo é esquisito. Outro dia Luiz me disse com estranheza: "Mas isso é o normal!", e então precisei explicar (inutilmente) a ele é que o normal para mim era estar ao lado dele o tempo todo. Desde que esse pequeno chegou às nossas vidas foi assim que ele esteve: comigo!!!

Quando voltei à escola e vi o sorrisão do príncipe no colo da professora me lembrei de minhas experiências como aluna e como professora e tive a certeza de que as relações construídas numa escola são mesmo muito especiais. Nesse momento meu coração se encheu de paz com a certeza de que  estamos proporcionando algo maravilhoso ao nosso pequeno, e principalmente, se ele está bem, eu também fico.

4 comentários:

  1. Ju, pode ser que essa sensação de estranhamento com tê-lo longe de vc fique assim por muito tempo e acho que é o normal... ainda hoje fico morrendo de saudade dos meus pitucos quando estou sem eles por perto! Mas força para vc nesse momento intenso da sua vida viu? Muitos beijos!!!!

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  2. Eu te leio e te acompanho daqui. Se você tá bem, o Mateus tá bem também!
    Fica tranquila minha querida!
    beijo,
    Estelinha

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  3. Ju
    Chorei ao ler seu texto. Porque sei que todas nós passaremos por isso, seja pra deixar na escola, com a babá ou com algum parente.

    Eu sou felizarda porque deixarei com minha irmã que é babá, portanto a contratarei e sei que ele será bem cuidado, afinal ela é a madrinha do Dudu. Mas meu coração ficará em frangalhos quando chegar o momento. Minha licença termina em 11 de julho, exatamente no dia que o Dudu completará 5 meses.

    Querida, fique tranquila, é apenas mais uma fase que iremos passar e vc tirará de letra, o Mateus é forte tb se acostumará.

    Torço por vcs.

    Bjs

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  4. obrigada pela força, meninas...
    beijo grande no coração

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